Marcelo Lyra
Direto do Rio de Janeiro
O produtor inglês Colin MacCabe é considerado eclético por seus colegas. Embora atue tanto produzindo filmes de ficção (estreou com o clássico Caravaggio) quanto documentário, é esse último gênero que o trouxe ao Brasil, a convite da organização do Festival do Rio 2008.
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Ele veio apresentar Derek, biografia do diretor Derek Jarman, um dos mais importantes nomes do cinema inglês, responsável por grandes filmes como o já citado Caravaggio e A Tempestade, todos incluídos na programação do Festival, que homenageia o diretor.
MacCabe produziu também o antológico Martin Scorsese, Jornada Pessoal Através do Cinema Americano, documentário em que o diretor dá sua impressão pessoal sobre alguns dos filmes mais importantes dos EUA.
Em 1995 ele co-produziu um filme brasileiro, Cinema de Lágrimas, do diretor Nélson Pereira dos Santos. Pouco depois de chegar ao Brasil, MacCabe falou com exclusividade ao Terra.
Terra - Você já conheceu o Brasil como produtor. Como foi essa experiência?
Colin MacCabe - Eu fui chamado dentro de um programa de apoio do Britisth Film Institute. Trabalhar com Nélson Pereira dos Santos foi uma experiência fascinante. Ele é muito talentoso, seguro do que quer e sabe comandar sua equipe com segurança. Creio que fizemos um bom filme. Tenho boas lembranças do Brasil, das pessoas daqui, da hospitalidade, e é maravilhoso estar de volta.
Terra - Você voltaria a produzir um filme brasileiro?
MacCabe - Creio que não. Já estou muito velho para produções complicadas. Digo complicadas no bom sentido, ou seja, filmes de ficção com muitas locações, que envolvem deslocamentos. Mas eu adoro o Brasil, já conhecia o País antes mesmo de produzir o filme do Nélson, e certamente voltarei outras vezes para cá.
Terra - Por que você se interessou em produzir este documentário sobre Derek Jarman?
MacCabe - Primeiro porque ele é um diretor muito importante, que eu aprecio muito. Depois porque seu filme Caravaggio foi muito importante para mim. Foi minha estréia como produtor e o filme conquistou reconhecimento mundial, alavancando minha carreira.
Terra - Você prefere produzir ficção ou documentário?
MacCabe - Não tenho preferência. Preciso gostar da idéia. Mas ultimamente tenho produzido mais documentários, talvez porque não dêem tanto trabalho.
Terra - No Brasil o público para documentários tem diminuído ao longo dos anos. Como está o mercado inglês hoje?
MacCabe - O documentário nunca terá, nos cinemas, um público nem próximo ao da ficção. Na Inglaterra é assim e sei que no Brasil não é diferente. Mas lá o mercado é mais estável, você pode produzir um filme imaginando que terá um público médio de 50, 100 mil espectadores.
Terra - Mas no Brasil é comum que documentários não ultrapassem a casa dos cinco mil. Foi o caso de um filme importante como Ônibus 174, que foi adaptado para o cinema como ficção. Agora deve passar de um milhão de espectadores. Há cinemas que nem querem saber de exibir documentários...
MacCabe - Isso é preocupante para o mercado, pois pode prejudicar a produção futura. Talvez seja o caso de buscar alternativas para conquistar o público.
Redação Terra
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