Documentário mostra o cotidiano de guerrilheira no Iraque

O documentário Uma Guerrilheira Curda (Sozdar, She Who Lives Her Promise), estréia em longa-metragem da diretora holandesa Annegriet Wietsma, é uma rara oportunidade de conhecer o dia-a-dia de um dos povos mais perseguidos do Oriente Médio. Historicamente originários de uma região entre o norte do Iraque, Turquia e Irã, os curdos foram massacrados pelo estão ditador iraquiano Saddam Hussein.

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Muitos vivem no Kurdistão, mas para os que permanecem no Iraque, a situação está longe do sossego. Se para homens já é difícil, imagine a vida de uma mulher. E para piorar, uma mulher decidida como Nuriye Kesbir, que enfrenta os iraquianos e também o exército invasor. "Aos doze anos ela fora prometida por seus pais em casamento, um costume local, mas se recusou e passou a ser vista como contestadora", conta a diretora. Hoje, aos 40 anos de idade, ela tornou-se líder do PKK, o partido guerrilheiro que vive nas montanhas.

A diretora acompanha duas semanas da vida de Nuriye, em plena região de guerrilhas. "Foi uma filmagem difícil, onde corri risco de vida. Precisei usar uma câmera leve que me permitisse uma movimentação rápida, acompanhar fugas", lembra ela. Com medo do perigo optou por não ter uma equipe. "Para agilizar a filmagem, passei a fazer tudo sozinha: cuidava do som, da luz, filmava... O equipamento digital moderno permite isso".

Ela conheceu a história da guerrilheira quando ela foi presa na Holanda, ao participava de um encontro de militantes curdas. "Houve perigo de extradição para a Turquia, onde ela poderia ficar presa muito tempo". Isso não aconteceu e ela pôde voltar para a guerrilha.

Esta é a primeira vez que a diretora vem ao Brasil e ela espera que as pessoas conheçam o filme. "As mulheres do curdas vivem um cotidiano de violência que é pouco conhecido, espero estar contribuindo para que os brasileiros descubram essa realidade".

O filme terá duas sessões no sábado (12h e 20h no Espaço de Cinema 3); outras duas na quinta-feira (15h30 e 19h50 no Estação Gávea 1), além de uma última vez no final do festival, dia 9, no Barra Point 2.