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Cinema

 
 

Polícia cerca Cannes para impedir protesto

11 de maio de 2004 10h17 atualizado às 10h17

Policiais guardam a entrada. Foto: Reuters

Policiais guardam a entrada
Foto: Reuters

A maior vitrine do cinema mundial se preparou para ser emboscada por atores e trabalhadores de palco franceses que ameaçam estragar o coquetel anual de sol, celebridades e celulóide montado em Cannes.

Temendo manifestações de protesto de trabalhadores do setor do entretenimento que exigem aumentos em seus benefícios-desemprego pagos pelo Estado, a França enviou 1 mil policiais para proteger o festival de cinema, marcado para começar na noite de quarta-feira com o frisson usual em torno do tapete vermelho.

"O Festival de Cannes é uma jóia da cultura francesa que precisa ser protegida e não pode ser prejudicada ou destruída por protestos de qualquer espécie", disse o prefeito de Cannes, Bernard Brochant.

O festival sempre é envolto em polêmica, e a edição deste ano não será exceção, tanto assim que terá a estréia mundial do filme Fahrenheit 9/11, do cineasta norte-americano Michael Moore, uma tirada contra o presidente Bush.

Desde as explosões em trens de Madri, dois meses atrás, a preocupação com a segurança vem aumentando muito em toda a Europa. Entretanto, para os organizadores de Cannes, a maior dor de cabeça talvez seja provocada justamente por franceses do setor do entretenimento.

Atores e técnicos que trabalham em regime de tempo parcial - e que no ano passado interromperam vários festivais franceses consecutivos para reivindicar benefícios-desemprego - bloquearam por várias horas a passagem dos caminhões que levaram de Paris à Riviera os filmes que serão exibidos em Cannes.

Organizadores do festival, que foi interrompido em maio de 1968 no auge das manifestações estudantis e operárias, tentam cooperar com os sindicatos, oferecendo a eles uma plataforma para exporem suas reivindicações.

MAIS MICHAEL MOORE

Elogiado há dois anos por seu documentário contra o lobby das armas "Tiros em Columbine", Michael Moore vai competir com 17 outros cineastas de todo o mundo pela cobiçada Palma de Ouro.

A Walt Disney Company proibiu sua subsidiária Miramax de distribuir o filme anti-Bush de Moore nos Estados Unidos, dizendo que não quer exibir um filme politicamente polarizador em um ano eleitoral nos EUA.

"The Life and Death of Peter Sellers", uma biografia do comediante britânico estrelada por Geoffrey Rush e Charlize Theron, vem sendo repudiada pela família do falecido ator.

A terceira mulher de Sellers, Britt Ekland, qualificou como "bobagem" a escolha de Charlize Theron para atuar no filme, e o filho de Peter Sellers também fez objeções.

O diretor de filmes cult Quentin Tarantino vai chefiar o júri este ano, quando um terço dos filmes exibidos no festival virão da Ásia.

O festival 2004 também vai oferecer uma dose grande de filmes comerciais de Hollywood, como a sequência animada Shrek 2.

Berlim, Veneza e Sundance são festivais pequenos mas perfeitamente moldados, nos quais a arte é tudo. Contrastando com eles, Cannes é um evento cheio de glamour e brilho.

Magnatas do cinema fecham negócios milionários durante o festival, e Hollywood envia a ele seus maiores nomes.

Para o ator Brad Pitt, Cannes 2004 será uma chance para promover o épico de US$ 200 milhões Tróia. Para Tom Hanks, será sua primeira viagem a Cannes, onde vai divulgar a refilmagem criada pelos irmãos Coen da clássica comédia britânica Matadores de Velhinha.

"Quando se trabalha no cinema há tanto tempo quanto eu, não sobra muita coisa que se possa fazer pela primeira vez", disse Hanks. "Mas estou certo de que minha primeira vez em Cannes será extraordinária."

Cannes opõe críticos de cinema intelectualizados a jornalistas do showbusiness, uns zombando dos outros. Mas, como escreveu o The Times de Londres: "Cannes continua a ser exatamente o que a história o fez: um microcosmo tolo, esplêndido e valioso de toda a indústria do cinema."

Reuters
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