Oscar 2007

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Sexta, 23 de fevereiro de 2007, 14h29  Atualizada às 17h10

Ennio Morricone receberá Oscar honorário

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O maestro italiano Ennio Morricone, que fez sonhar gerações de cineastas com suas composições, receberá no próximo domingo, em Hollywood, o Oscar honorário pelo conjunto da obra, o único prêmio que ainda não recebeu em seus 50 anos de carreira.

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O compositor italiano, marca do "western spaghetti" por melodias únicas como a escrita para o filme Três Homens em Conflito (1966), e elogiado pelos inesquecíveis coros e oboés do filme sobre os jesuítas na América Latina A Missão (1986), receberá um prêmio disputado, aguardado e negado cinco vezes.

"Depois de cinco indicações, não esperava nada. Estava convencido de que não o obteria jamais. Já me sentia na lista de ilustres sem Oscar junto de Scorsese, Hitchcock e Cary Grant. Recebemos muitos prêmios, mas confesso que a estatueta preenche este vazio", admitiu o músico em conversa com um grupo de jornalistas estrangeiros.

Aos 78 anos, Morricone é um senhor afável e acessível, que não fala inglês, adora sua esposa e companheira de toda a vida - à qual certamente dedicará o Oscar - e continua compondo em seu velho e fiel piano.

O autor de 500 partituras de trilhas sonoras para o cinema, cujo talento e criatividade lhe permitem passear por todos os gêneros musicais, das melodias pegajosas dos "western", inspiradas até mesmo no uivo do coiote, às cantatas étnicas de A Missão, é um estudioso refinado.

"Não acho que uma boa música transforme um filme em um bom filme. A música é um elemento acessório e não decisivo. Eu acho que devo mais a Sergio Leone pelo espaço e a força que dava à música que Leone a mim", afirmou com modéstia desconcertante.

A parceria artística com Leone, entre as mais bem sucedidas da história do cinema, nasceu nos bancos escolares e se concretizou nos anos 1960, quando assinavam com pseudônimos americanizados para seduzir o público norte-americano.

"Nosso ofício é silencioso. O compositor deve encontrar no filme uma dignidade que vá além do filme", explicou Morricone.

O compositor de Cinzas no Paraíso (1978), Os Intocáveis (1987), Bugsy (1991), Malena (2000) e Cinema Paradiso (1989), sente uma satisfação particular pela música de A Missão, um filme que, admite, o tocou na alma.

"É que consegui com que a música étnica, instrumental e a música "palestriniana" escrita para coros de capelas, uma surte de trindade de Deus, como a comunhão entre jesuítas e índios da América Latina narrada no filme", comentou. "Foi uma das maiores satisfações morais, musicais e étnicas que tive", disse ao lembrar da "Ave Maria cantada em guarani", uma idéia pela qual considera merecer o Oscar.

Apesar de ter trabalhado com os maiores diretores de cinema e produtores de Hollywood (Huston, Siegel, Polanski, Fuller, além de Pasolini, Bertolucci, Argento, Pontecorvo, Almodóvar), o compositor, romano de nascimento, se negou a se mudar para Los Angeles e continua vivendo em pleno centro histórico da capital italiana, apesar de terem lhe oferecido uma mansão na Califórnia.

Como um reconhecimento à sua popularidade e à sua eclética capacidade musical, ganhou um disco de homenagem, com versões de Celine Dion, Bruce Springsteen, Dulce Pontes e Andrea Bocelli, entre outros, sob o título We all love Ennio Morricone.

Formado no conservatório da Academia Nazionale di Santa Cecilia, autor de mais de cem peças de música clássica, além de trilhas musicais para cinema, televisão e documentários, faz parte desta geração iniciada em 1944 tocando trompete para os soldados americanos, em plena Segunda Guerra Mundial.

AFP
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