80º Oscar

› Diversão › Cinema e DVD › 80º Oscar

80º Oscar

Sábado, 23 de fevereiro de 2008, 12h42 Atualizada às 14h20

Favoritos ao Oscar, Irmãos Coen têm recorde de indicações



Joel e Ethan Coen compartilham um número recorde de indicações ao Oscar numa mesma edição, o que conseguiram graças a Onde os Fracos Não Têm Vez, filme com o qual são favoritos ao prêmio de melhor direção e também concorrem - eles mesmos, e não a produção - a outros três prêmios.

» Bolão Oscar 2008: eleja os vencedores

Como produtores, roteiristas, diretores e editores - sob pseudônimo - deste western, os dois igualaram o total de indicações que ninguém menos que Orson Welles obteve com o clássico Cidadão Kane (1941).

Porém, se a história de 66 anos atrás se repetir, a dupla terá que se contentar com o Oscar de melhor roteiro, como já fez em 1997, quando concorrera com Fargo, produzido no ano anterior.

Porém, com esse filme de cerca de dez anos, o único que disputou o prêmio de melhor diretor foi Joel Coen, de modo que este ano Ethan estréia como concorrente na categoria, a mesma na qual foram premiados pelo Bafta, a Associação Nacional de Críticos dos Estados Unidos e as associações de Ohio, Chicago, Dallas, Flórida, Las Vegas, Nova York, Phoenix, San Francisco e Toronto.

Além disso, o fato de terem recebido o prêmio do Sindicato de Diretores dos EUA - muitos dos quais escolhem o vencedor do Oscar - torna os irmãos favoritos sobre seus quatro oponentes.

Especialistas em conduzir histórias cheias de humor negro e com um claro toque "freak", os Coen também se saem muito bem com material dramático de primeira qualidade. E, em ambos os casos, demonstraram tratar de um modo muito particular a violência.

Em Onde os Fracos Não Têm Vez, além de tirar o melhor dos atores - Tommy Lee Jones, Javier Bardem, Woody Harrelson e Josh Brolin, entre outros - , os irmãos demonstram perícia ao coreografar perseguições e assassinatos e ao adotar diálogos curtos, deixando a história ser contada mais pelas nuances ambientais que pelos personagens.

Paul Thomas Anderson
Paul Thomas Anderson, um dos produtores mais incensados pela crítica, finalmente seduziu a Academia de Hollywood com Sangue Negro, filme com o qual, pela primeira vez, concorre ao Oscar da categoria.

Depois de Embriagado de Amor, que virou cult e ganhou o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes, Anderson voltou aos projetos ambiciosos que lhe valeram a fama de gênio prematuro, como Boogie Nights: Prazer sem Limites e Magnólia, pelos quais disputou o Oscar de melhor roteiro.

Só que, desta vez, ele renuncia ao estilo cronista que o fez ser identificado como um aluno aplicado de Robert Altman, diretor de quem foi assistente em A Última Noite (2006) e ao qual dedica Sangue Negro.

No longa, em que faz uso de amplas panorâmicas, Anderson (Califórnia, 1970) desenvolve um trabalho de direção que é confrontado com o estilo épico, a desolação dos desertos da Califórnia e a aspereza de um relato com poucas concessões à amabilidade.

O diretor ainda acumula o mérito de, em Sangue Negro, fazer comungar vários opostos: ele explora desde espaços abertos claustrofóbicos a situações de intimismo na espetacularidade. Além disso, mimetiza a linguagem clássica através de recursos extremamente inovadores.

Não por acaso, com este filme o cineasta ganhou no Festival de Berlim o prêmio de melhor diretor - em 2000, recebera o Urso de Ouro por Magnólia. Mas esta talvez seja uma distinção isolada, considerando o "fracasso" do longa no Bafta e no Globo de Ouro deste ano.

Julian Schnabel
Pode ser que ele leve o Oscar de melhor diretor, mas Julian Schnabel é muito mais que um cineasta, e, em O Escafandro e a Borboleta, seu terceiro filme, o realizador volta a mostrar seu domínio sobre disciplinas artísticas como a pintura, a literatura e a música.

A trajetória pictórica e escultórica de Schnabel esteve marcada pela teatralidade. Por outro lado, seu trabalho cinematográfico tem se caracterizado por uma aposta plástica na qual O Escafandro e a Borboleta se enquadra perfeitamente.

O longa, que aborda de forma inusitada um tema amplamente tratado por Hollywood - a doença terminal - , se baseia no livro homônimo do jornalista francês Jean-Dominique Bauby, que, após sofrer um derrame cerebral, perdeu todos os movimentos, exceto o de um dos olhos.

Com o uso recorrente de "offs" e a interpretação de Mathieu Almaric, o filme foge dos lugares comuns de produções com a mesma temática, embora tenha sido comparado ao espanhol Mar Adentro (2004), de Alejandro Amenábar.

Até agora, a carreira de Schnabel se resumia a dois filmes: Basquiat (1996) e Antes do Anoitecer. Com O Escafandro e a Borboleta, o cineasta deu um importante salto qualitativo, haja vista o prêmio de melhor diretor que ganhou em Cannes e o surpreendente Globo de Oro na mesma categoria.

Schnabel, no entanto, é o único dos indicados ao Oscar de direção que não emplacou seu filme na disputa pelo melhor longa do ano, de modo que, se ganhar, será o primeiro, desde 1929, a receber a estatueta de melhor realizador sem concorrer na categoria principal. Excêntrico, ele pelo menos promete chamar a atenção na cerimônia, já que costuma usar como traje de gala as roupas pouco usuais que sua mulher desenha.

Jason Reitman
Depois de Obrigado por Fumar, no qual estreou atrás das câmeras, Jason Reitman invadiu de assalto as bilheterias com o modesto Juno, única comédia que concorre nas principais categorias do Oscar e que pode render ao realizador a estatueta de melhor do ano na categoria.

Caso ganhe, Reitman se tornará o cineasta mais jovem a ostentar tal distinção, superando Norman Taurog, que, em 1931, ganhou o prêmio por Skippy com 32 anos, idade que Reitman completará em abril.

O diretor de Juno, nascido em Montreal (Canadá), é o responsável pelo maior sucesso inesperado da temporada, e, com isso, confirma que sua trajetória atrás das câmeras tem sido mais frutífera que como ator, condição na qual já apareceu em títulos como Os Caça-Fantasmas 2 (1989), dirigido por seu pai, Ivan Reitman.

Com apenas 15 anos, Reitman dirigiu a seus colegas de escola num anúncio público que ganhou vários prêmios e foi veiculado por diversas emissoras de TV. Francoparlante, ele decidiu, depois de acabar o ensino médio, se mudar para a uma universidade do sul da Califórnia para estudar inglês.

Seu caminho natural foi dedicar-se ao cinema e, aos poucos, foi construindo uma prestigiosa filmografia como curta-metragista. Com o sucesso de sua estréia num longa (Obrigado por Não Fumar), o cineasta pôde formar sua própria produtora, com a qual, junto com John Malkovich, financiou Juno, vencedor do prêmio principal do Festival de Gijón e indicado ao Independent Spirit Awards.

Criador de uma estética que, conforme a estação do ano em que se encontra a protagonista de seu filme, explora diferentes gamas cromáticas, Reitman se arriscou a tratar com humor um tema muito complicado, mas não sem problemas.

Tony Gilroy
Ele é o único diretor estreante dos cinco indicados ao Oscar, mas ter reunido Tom Wilkinson, Tilda Swinton e George Clooney em seu primeiro longa e conseguir fazer todos entrar na disputa por uma estatueta demonstra o quão tão talentoso Tony Gilroy é para rodar um filme engajado como Conduta de Risco.

Gilroy chegou à direção com ótima experiência em roteiros - ele assinou a trilogia Borune - , e manteve seu prestígio e sua qualidade ao saltar para trás das câmeras.

Em Conduta de Risco, o cineasta, nascido em Nova York, se movimenta entre arranha-céus para explanar as corruptelas de um escritório de advocacia e dar voz a Michael Clayton, o homem encarregado de apagar ou maquiar atos ilícitos.

Também indicado ao Oscar de melhor roteirista, Gilroy é amigo de Steven Soderbergh, o que lhe permitiu trabalhar com George Clooney em um filme inspirada nas intrigas sociais e políticas dos anos 70, das quais pinçou a estética acinzentada e o herói discreto.

As referências conhecidas do cineasta são Alan Pakula, Sydney Lumet, Mike Nichols e Sydney Pollack, que deu a seguinte a declaração sobre o colega: "Tony tem o enfoque de um profissional bastante experiente. Há poucos escritores-diretores bons, e eu diria que, de acordo com o visto aqui, ele está muito bem encaminhado para se Tornar um dos melhores".

Gilroy leva o cinema na veia, já que faz parte de uma casta de cineastas. Seu pai, Frank D. Gilroy, dirigiu Shirley McLaine em Desperate Characters (1971); seu irmão John fez a montagem de Conduta de Risco, no qual seu filho Sam também faz uma ponta.

EFE

Busque outras notícias no Terra