80º Oscar

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80º Oscar

Sábado, 23 de fevereiro de 2008, 12h44 Atualizada às 14h39

Daniel Day-Lewis volta a ser favorito ao Oscar de melhor ator



O britânico Daniel Day-Lewis é o favorito ao Oscar deste ano de melhor ator, graças à sua impecável atuação em Sangue Negro, filme que o fez faturar uma enxurrada de prêmios ao redor do mundo.

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Day-Lewis, obcecado por detalhes na construção de seus personagens e que participou de apenas quatro filmes nos últimos sete anos, já conseguiu 17 prêmios com o papel de Daniel Plainview, um magnata da Califórnia do começo do século XX.

O Globo de Ouro, o Bafta e os prêmios das associações de críticos de Los Angeles e de Nova York são apenas algumas das distinções obtidas pelo ator, elogiado por sua interpretação "grandiosa", "arrasadora" e "monstruosa".

Esta, porém, não é a primeira vez que ele é tido como favorito, já que, em 2002, todos davam como certo que Day-Lewis levaria o Oscar por seu papel em Gangues de Nova York, ocasião em que, entretanto, acabou perdendo a estatueta para o então pouco conhecido Adrian Brody, de O Pianista.

Com apenas 16 filmes na carreira, todos muito bem selecionados, o protagonista da Sangue Negro ganhou o respeito do público, da crítica e da indústria do cinema, que parecem ter uma adoração quase reverencial pelo intérprete, pouco dado a aparições públicas ou aos eventos de divulgação tão comuns no mundo do entretenimento.

Day-Lewis é conhecido tanto por suas peculiares escolhas pessoais - há alguns anos resolveu se mudar para Florença e aprender o ofício de sapateiro - como por seu criterioso trabalho de construção dos personagens que interpreta - ele aprendeu tcheco para poder falar inglês com sotaque em A Insustentável Leveza do Ser.

Tommy Lee Jones
O veterano Tommy Lee Jones, um dos atores mais respeitados da indústria do cinema, surpreenderá neste domingo se abocanhar o Oscar da categoria por seu papel em No Vale das Sombras, prêmio que, no entanto, faria jus ao seu trabalho e à sua longa carreira.

Embora largue em desvantagem e relação a Daniel Day-Lewis e a George Clooney, correndo por fora, Jones pode acabar ganhando seu segundo Oscar, apesar de o primeiro ter sido de ator coadjuvante por "O Fugitivo", em 1993.

Contra si, o veterano enfrenta o fato de seu filme ser uma aberta crítica ao Governo americano, tipo de produção que não costuma ser reverenciada pela "politicamente correta" Academia de Hollywood, que tenta sempre eliminar o tom político de sua premiação.

A favor de Jones, porém, estão todos os que o consideram merecedor de um Oscar de ator principal e o papel do pai que procura a verdade sobre o desaparecimento de seu filho, personagem que casa muito bem com o gosto hollywoodiano, inclinado à dramaticidade um pouco exagerada, com a diferença que o profissional faz uma interpretação absolutamente contida, sem os típicos maneirismos da maioria de seus colegas americanos.

"Na frente das câmeras, ele é suave. Seus olhos são fluidos e melancólicos. Seu rosto é tão marcado pelo cenho que é quase poroso. Ele não precisa dizer palavras, mas quando as diz, as sussurra em sua patenteada mistura de acidez e remorso", afirmou a revista New York sobre sua interpretação.

Em No Vale das Sombras, Jones, 71 anos, encarna Hank Deerfield, um sargento reformado, veterano do Vietnã, que investiga o desaparecimento de seu filho quando este voltava de uma batalha no Iraque.

Viggo Mortensen
O ator Viggo Mortensen estréia na disputa pelo Oscar com seu papel de mafioso russo em Senhores do Crime, longa com a qual parece finalmente ter conseguido deixar para trás o Aragorn da trilogia do Senhor dos Anéis.

O diretor David Cronenberg, com quem Mortensen já havia trabalhado em Marcas da Violência, presenteou o intérprete com um personagem que, apesar de se tratar de um violento mafioso pertencente a um mundo em que a morte e a vida se confundem, é vivido com contenção e nuances.

Muitos não sabem, mas Mortensen tem uma carreira longa e variada carreira, dentro da qual já interpretou vários papéis e que, após o sucesso da trilogia inspirada na obra de J.R.R. Tolkien, ele luta para diversificar ainda mais para se livrar das associações ao guerreiro Aragon.

Se com Marcas da Violência Mortensen já mostrava um tipo cheio de dualidade, esta característica fica totalmente desenvolvida em seu Nikolai de Senhores do Crime, um filme injustamente ignorado na corrida pelo Oscar.

O trabalho de Mortensen o fez ser comparado a "um Kirk Douglas jovem", por seu "rosto impassível", só às vezes cortado por uma expressão de "compaixão".

Além da indicação ao Oscar, o ator disputou o Globo de Ouro, o Bafta e o César francês. Fora isso, ganhou prêmios no Canadá e do círculo do cinema independente britânico.

Johnny Depp
Pela terceira vez, o californiano Johnny Depp tentará ganhar o Oscar de melhor ator, agora por sua atuação em Sweeney Todd - o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, mas é bom que ele nem se anime, já que as apostas o colocam longe dos favoritos.

O papel de barbeiro londrino do final do século XIX recriado por Tim Burton levou Depp a ficar mais uma vez frente a frente com o Oscar, prêmio ao qual já concorreu por seu trabalho nos longas Em Busca da Terra do Nunca (2004) e Piratas do Caribe - A Maldição do Pérola Negra (2003).

Desta vez, o ator repetiu a proeza de ser indicado cantando, já que o filme é a adaptação de um musical de mesmo nome.

Sweeney Todd conta a história de Benjamin Barker, um barbeiro condenado injustamente à prisão, mandado para a Austrália e que, quando retorna a Londres com uma nova identidade, se revela um psicopata em busca de vingança.

Burton, com quem Deep já trabalhou em cinco produções, foi, até o momento, o único diretor "suficientemente corajoso" a permitir que o intérprete cantasse num filme.

Sobre a experiência, Depp disse que em alguns momentos foi "libertadora" e "interessante", embora, em outros, o tenha feito se sentir "envergonhado" e "como um idiota". Ainda assim, este complicado e histriônico personagem, típico de Burton, rendeu ao intérprete o Globo de Ouro de melhor ator de comédia ou musical.

George Clooney
Michael Clayton é um mediador numa companhia de advogados que enfrenta uma multinacional do setor de alimentos, papel que, com suas características de justiceiro engravatado, cai como uma luva em George Clooney e ainda valeu ao galã sua primeira indicação ao Oscar de melhor ator.

Esta é a segunda vez que Clooney, de 44 anos, concorre a um Oscar de interpretação. Em 2005, ele disputou e levou o prêmio de melhor coadjuvante por sua atuação em Syriana, longa no qual interpretava outro personagem que buscava a verdade e a justiça em meio ao caos e a interesses econômicos.

Ambos os filmes lembram o cinema político da década de 70, que tanto agrada o ator.

Apesar do sucesso de Clooney em produções mais leves, como em Onze Homens e Um Segrego e suas seqüências e no surreal Ei, Meu Irmão, Cadê Você?, é nos personagens engajados que ele parece ficar mais à vontade.

Depois de ficar famoso na série E.R. há 14 anos, Clooney traçou uma lenta e progressiva carreira. Hoje, ele tem o respeito tanto da indústria como dos espectadores, graças a papéis que o ajudaram "a criar uma identidade (...) de consciência irriquieta" e "singularmente contemporânea", como disse o jornal The New York Times recentemente.

Além disso, o ator soube trilhar uma interessante trajetória como produtor, em filmes como o já mencionado Syriana, e como diretor, em Confissões de Uma Mente Perigosa e Boa Noite, Boa Sorte.

EFE

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