Veneza 2007


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Segunda, 3 de setembro de 2007, 11h51  Atualizada às 13h15

Wes Anderson destaca relação entre irmãos em novo filme

Orlando Margarido
Direto de Veneza
AFP

Adrien Brody e o diretor Wes Anderson promovem filme The Darjeeling Limited
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O diretor Wes Anderson explicou, no Festival de Veneza, que realizou a comédia dramática The Darjeeling Limited por acreditar que a relação entre irmãos é a mais íntima e verdadeira que pode existir.

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"Ao menos deveria ser; e sou o caçula entre três irmãos e nós temos essa união que procuro defender no filme", disse. No simpático e estiloso filme, os Whitman (interpretados por Adrien Brody, Jason Schwartzman e Owen Wilson) reencontram-se depois de muito tempo sem se falarem para uma viagem de trem pela Índia.

Francis (Wilson, que interpreta com uma faixa na cabeça todo o tempo), o mais velho e líder natural por sua personalidade dominadora, justifica a viagem como espiritual, mas o trio vai mesmo é procurar a mãe (Anjelica Huston) que vive num monastério.

Com vocação natural para encrencas, os irmãos passarão por experiências iluminadoras (algumas dramáticas, outras engraçadíssimas) pelo caminho. Anderson, dono de um estilo muito particular, disse que decidiu rodar algum filme na Índia depois de encantar-se pelas cores locais, o que fica bem evidente no colorido que todo o tempo acompanha a trama.

Também reuniu parte do elenco de A Vida Marinha com Steve Zissou e Os Excêntricos Tenenbaums, seus filmes anteriores, rostos que já começam a fazer parte do seu cinema. Perguntado sobre o fato de preferir os mesmos atores, ele brincou: "lembrem dos rostos de Adrien, Owen, Jason e Bill (Murray); eles não são esquisitões?".

Bill Murray, na verdade, faz uma rápida ponta, mas acabou sendo a estrela da coletiva de imprensa. Anderson chegou a pedir atá a opinião dos outros atores - apenas Brody e Schwartzman, entre os protagonistas, estão no Lido, pois Wilson estava hospitalizado.

Em competição, a fita de Anderson tem aquele apelo visual irresistível e de gags com o qual é difícil não simpatizar, apesar de pouco acrescentar para um festival que pretende sintonizar novas tendências.

Nesse aspecto, The Sun Also Rises, título internacional para o filme do chinês Jiang Wen, avança muito mais para unir e dividir opiniões. São três histórias, uma delas retomada ao final, levadas num tom quase fantástico e surreal, musica alta e diálogos nervosos.

A principal delas reúne um camponês e sua mãe considerada louca por subir em árvores e fingir ser um pássaro ou recolher pedras no rio para construir um abrigo. O jovem tem de estar todo o tempo atento para que a mãe não faça alguma besteira.

Não foi para poucos jornalistas que ocorreu a comparação com o bósnio Emir Kusturica, com seu estilo folclórico e estrepitoso que representa tão bem a cultura de um povo. Wen faz o mesmo, ainda que sem o talento já exibido um dia por Kusturica.

Ainda em competição, Veneza aplaudiu com empenho o drama francês La Graine e le Mulet, do diretor de origem tunisiana Abdellatif Kechiche. O circuito brasileiro ainda conhece pouco desse realizador que está em seu terceiro longa-metragem, numa carreira dedicada com olhar social para a comunidade árabe que vive na França.

Foi assim com A Esquiva e A Culpa de Voltaire, exibidos recentemente numa mostra de filmes inéditos franceses na Sala Cinemateca, em São Paulo. No caso do novo filme, a trama recai sobre uma família magrebina cujo patriarca, obrigado a se aposentar no porto onde trabalha, compra um velho barco disposto a montar ali um restaurante especializado em cuscuz.

É uma receita feita com esmero pela ex-mulher, daí a proposta de todos do clã se unirem para apostar no sonho de uma nova vida. Com a câmera sempre agitada e colada no rosto dos atores, Kechiche faz um cinema afiadíssimo e disposto a questionar a realidade dos imigrantes e mesmo dos franceses também atingidos pela crise, a exemplo do que faz seu colega Robert Guediguian.

Moda
Ainda no filme de Wes Anderson. Os três irmãos, além de muito bem vestidos todo o tempo, carregam malas feitas pelo badalado estilista Marc Jacobs para a Louis Vuitton, entre outros caprichos da cenografia.

Em sentido inverso, o filme do chinês Jia Zhangke, que ganhou o Leão de Ouro do ano passado por Em Busca da vida, é um documentário que desmonta o mundo da moda.

Redação Terra