Veneza 2007


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Terça, 4 de setembro de 2007, 10h46  Atualizada às 11h25

Comédia sobre imigrantes árabes na França é a favorita em Veneza

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O surpreendente e divertido filme La graine et le mulet, do cineasta franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, sobre as peripécias dos imigrantes para sobreviver na França está entre os grandes favoritos ao Leão de Ouro do Festival de Veneza.

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Faltando quatro dias para o encerramento do evento, no próximo sábado, o filme de Kechiche, autor do premiado l'Esquive (2004) e Tudo por culpa de Voltaire (2000), aborda temas como desemprego, família e racismo com um tom alegre e um ritmo tão genial quanto eficiente.

O trigo e o pescado, os dois ingredientes o título essenciais para fazer o cuscuz, tradicional prato árabe, servem de pretexto para narrar a vida das novas gerações de imigrantes na França.

O filme, que recebeu uma verdadeira ovação de cinco minutos por parte do público assim como da crítica, gira em torno de Slimane (o ator Habib Houfares), que é demitido depois de 35 anos de trabalho num estaleiro do pequeno porto francês de Sete.

Convencido por sua enteada para que transforme um velho barco num restaurante para aproveitar o talento de sua ex-mulher em fazer cuscuz, que serve religiosamente para a família todos os domingos, Slimane se vê confrontado com todo tipo de dificuldades burocráticas, sentimentais e familiares.

"As cenas com a mesa servida são uma espécie de homenagem ao cinema de Vittorio de Sica e Pier Paolo Pasolini", confessa o cineasta, que utiliza como chave da narrativa as conversas em torno da mesa de usa enorme família.

" Para rodar o primeiro almoço familiar, que dura 20 minutos, precisei de um mês e tive que fazer muitos ensaios para que os atores se familiarizassem, já que não conheciam a trama", contou Kechiche.

Distante do cinema étnico ou documental, o filme encanta pela intensidade, criatividade e fantasia com que atrai o espectador, que, como alguns comensais do filme, esperam impacientes pelo prato de cuscuz que nunca chega.

Menos eficiente é o filme The Darjeeling limited, com Adrien Brody e Owen Wilson, uma comédia enlouquecida do americano Wes Anderson sobre a viagem à Índia de três irmãos em busca da mãe, que se encontra refugiada num mosteiro.

O personagem de Owen, que aparece sempre com marcas de depois de uma tentativa de suicídio, mexeu com o espectador, já que o ator realmente tentou se suicidar há alguns dias. O filme quase que oferece as razões para este ato tão extremo: inquietação inexplicável, dependência e carência apesar de todas as comodidades materiais.

Outros filmes, como The sun also rises do chinês Jiang Wen, foram excluídos da lista de favoritas, enquanto que o filme-denúncia do veterano Brian de Palma sobre a guerra no Iraque, Redacted, e o delicado "Os amores de Astree e Celadon", do francês Eric Rohmer, figuram entre as mais apreciadas segundo a classificação da revista Ciak, o jornal oficial do festival.

O teatral filme de Kenneth Branagh, Sleuth, um duelo muito inglês entre os atores Michael Caine e Jude Law, também aparece bem citado.

AFP
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