Veneza 2007


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Terça, 4 de setembro de 2007, 11h57 

'Andarilho' tem platéia rasa no Festival de Veneza

Orlando Margarido
Direto de Veneza
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Exibido num horário ingrato, ainda na rabeira das principais coletivas do dia e sem a presença da maioria dos jornalistas, o documentário Andarilho, do belo-horizontino Cao Guimarães, foi visto por pouco mais de 30 pessoas.

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O documentário, gênero preferido do também realizador na videoarte, integra a seleção Horizonte, dedicada a novas idéias no cinema.

Mais uma vez, a exemplo de três de seus quatro longa-metragens, Cao faz de Minas Gerais o cenário para personagens premidos pelas circunstâncias e à margem do contexto social.

É o caso de Dominguinhos da Pedra em A Alma do Osso (2004), um eremita que há mais de quatro décadas vive em cavernas.

Desta vez são três homens miseráveis que vagueiam pelas estradas sem destino, falando sozinhos ou com iguais. Um deles, faz uma longa e particular digressão sobre Deus, inclusive para um estranho também morador da estrada que todo tempo o questiona, enquanto outro viajante mal consegue balbuciar sua raiva e revolta.

Há uma certa semelhança do desequilíbrio e ao mesmo tempo lógica que esses personagens exprimem com a catadora de lixo Estamira, documentário homônimo de Marcos Prado.

A diferença está na experiência de Cao com a videoarte, que rende cenas sofisticadas e coerentes com a existência invisível desses homens. Numa delas, um ônibus escolar parece ser engolido por uma imagem da estrada que aos poucos se esvai na luminosidade extrema do dia.

Redação Terra