Veneza 2007


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Quarta, 5 de setembro de 2007, 14h39  Atualizada às 16h14

'Spaghetti japonês' e espanhol silencioso geram reações opostas

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Os filmes Sukiyaki Western Django, do japonês Takashi Miike, e En La Ciudad de Sylvia, do espanhol José Luis Guerin, mostraram nesta quarta-feira em Veneza duas concepções distintas de cinema.

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Takashi ficou encarregado de mostrar "a simples arte de matar" com um filme que resgata o "western spaghetti". Baseado na guerra dos clãs Genji e Heike, o filme tem mortos e mais mortos, junto com efeitos especiais e exageros para tentar retomar a qualidade do gênero.

A produção é, ao mesmo tempo, oportunista, pois o nome faz referência a Django, do diretor Sergio Corbucci.

Este ano, o Festival de Veneza tem uma mostra especial do gênero por ocasião do 75º aniversário. O tema está em alta desde que o cineasta americano Quentin Tarantino disse que Kill Bill estava em dívida com os "western spaghetti".

A inspiração de Tarantino em Takashi chega ao ponto de o diretor japonês ter usado o cineasta americano como um dos atores no filme. Dos 40 ou 50 atores que participam do longa, apenas três continuam vivos no final.

Contrastando com o barulho dos efeitos especiais de Takashi, En La Ciudad de Sylvia de José Luis Guerin apresenta o silêncio e o som ambiente. Em 90 minutos de duração, o filme tem apenas um breve diálogo na metade.

Guerin, vencedor do Prêmio Nacional de Cinematografia e de um Goya de melhor documentário com Em construção (2001), disse que a proposta é a aceitação da simplicidade. O argumento é "mínimo", como reconhece o próprio Guerin.

"Quase todo o cinema é único. Quase nunca entendo os filmes que vejo", disse.

O filme mostra a trajetória de um jovem (Xavier Lafitte, de Gabrielle) que procura em Estrasburgo, na França, uma moça que conheceu seis anos antes, Mas ele acaba seguindo a mulher errada, interpretada por Pilar López de Ayala (A Ponte de San Luis Rey e Joana, a Louca).

A partir daí, o longa entra em território desconhecido. Não se sabe nada sobre os personagens e até a música é própria ao argumento do filme; não é um recurso externo, mas está presente porque é tocada pelas pessoas na rua.

"Se forem tirados truques narrativos, acompanhamentos musicais, efeitos, é possível que não haja nada mais cinematográfico que a mudança de expressão de um rosto. Surgem qualidades muito íntimas do cinema de uma intensidade grande", afirmou Guerin.

No entanto, desta forma o cineasta atinge um espectador e não um consumidor, como ele mesmo deseja. O público tem que participar para preencher com a imaginação tudo o que não sabe.

Como explicou, Guerin deseja "criar um espaço de serenidade adequado para poder se relacionar com as idéias, com as imagens, com os sons" e "iniciar um diálogo" com o espectador. O cineasta parece ter vencido a aposta.

Na entrevista coletiva de apresentação, o diretor espanhol foi bastante elogiado. Em uma das várias exibições programadas para hoje, o filme recebeu mais aplausos que vaias. Em contraste, no final de Sukiyaki Western Django, Takashi recebeu silêncio absoluto.

EFE
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