Veneza 2007


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Quinta, 6 de setembro de 2007, 10h10 

Peter Greenaway apresenta filme sobre pintor Rembrandt

Orlando Margarido
Direto de Veneza
AFP

Peter Greenaway participa da competição com Nightwatching
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O cineasta britânico Peter Greenaway disse, nesta quinta-feira, em Veneza que é um realizador "mainstream". "Se assim não fosse, como explicar as 30 milhões de pessoas em todo o mundo que viram O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante? Não é uma cifra como de Spielberg ou de Scorsese, claro, mas é bem respeitável para a indústria do cinema e não tem muito a ver com o rótulo da produção independente", lembrou.

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O diretor polêmico de filmes sempre extravagantes participa da competição com Nightwatching, uma espécie de cinebiografia tirada de registros variados, entre livros e documentos, do pintor e gravador holandês Rembrandt (1606-1669).

Não é exatamente uma produção que pode ser encaixada no cinema comercial reivindicado por Greenaway, a começar pela duração mais que necessária (são 134 minutos, mas parece mais), o objetivo ambicioso de acolher o personagem em várias faces e o excesso de personagens. São obstáculos que atrapalham uma idéia bem elaborada e que combina com a reconhecida estilização do cinema do diretor.

O ponto de partida é original e interessante. Trata-se do momento da realização da famosa tela The Night Watch, pintada em 1642, e exposta no Rijksmuseum, em Amsterdã. Comissionado por uma companhia militar, que desejava ver-se representada de forma clássica numa pintura de Rembrandt, o artista cria uma cena onde os soldados estão envolvidos num assassinato e outras situações pouco nobres.

A atitude revolta os personagens e o escândalo começa a arruinar a carreira do pintor, que aos poucos empobrece. "Para mim o que interessou antes de tudo foi o tipo sensacionalista de Rembrandt para a época, sua postura hollywoodiana, uma estrela que gostava de chamar atenção, ser paparicado; e como estrelas de hoje, tem seu auge e decadência", explicou o diretor.

Ele mesmo um pintor no inicio de carreira, Greenaway disse que a escolha da tela se deu pela curiosidade em saber mais de sua fama. "Uma pintura que foi vista e encantou Mussolini, Churchill, Stendhal e todos os líderes da Revolução Francesa deve ter algum mistério; e não apenas um, mas 51 mistérios já foram detectados na tela por especialistas".

Greenaway comparou sua opção de fazer um filme a partir de uma cena de crime com o filme Blow Up - Depois Daquele Beijo, de Michelangelo Antonioni, em que um fotógrafo flagra por acaso um assassinato com sua câmera, e com as fotos de turistas que sem querer registraram os tiros que mataram John Kennedy. "São momentos em que a realidade, a arte estática de uma foto ou de uma pintura e o movimento que o cinema pode dar a essa material se encontram."

Redação Terra