Orlando Margarido
Direto de São Paulo
Há várias referências literárias e cinematográficas em A Musa, que tem sua primeira sessão nesta quarta-feira, às 20h20, no Unibanco Arteplex 2, e talvez elas sejam a razão do filme do holandês Ben Van Lieshout não ir além de uma homenagem.
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Ao mesmo tempo, essas referências surgem de maneira por vezes interessante na história de um jovem dedicado a escrever seu primeiro romance, mas que tomado por um bloqueio criativo tenta achar uma musa que lhe dê inspiração. Tudo o que ele queria era uma mulher como Mônica Vitti, uma beleza inspiradora e tanto com seu rosto inescrutável, só que para o cineasta italiano Michelangelo Antonioni.
Enquanto trabalha num emprego burocrático e lê Proust e T.S. Eliott, o futuro romancista passa as noites perambulando e assistindo repetidamente a O Eclipse, um dos títulos da trilogia de Antonioni estrelado por Vitti, que assim como seu fã, anda a esmo a procura de algo que lhe dê sentido à vida.
Mas o protagonista encontra primeiro uma jovem que está longe de seu interesse, e depois, uma outra, que caminha sem rumo pelo porto de Roterdã.
Sem diálogos, a trajetória é contada por um narrador através de texto inspirado em um dos primeiros livros do escritor sul-africano J.M. Coetzee, que publicou um compêndio de poetas holandeses.
Lieshout fecha dessa forma seu ciclo de admiração pela literatura e pelo cinema. Mas o espectador que não dividi-la com o diretor ficará como seus personagens, a perambular pelo filme, sem rumo.
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