32ª Mostra Internacional de SP

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32ª Mostra Internacional de SP

Sábado, 25 de outubro de 2008, 09h42

Mostra: monumento cinematográfico de quinze horas começa

Orlando Margarido
Direto de São Paulo

Muitos cineastas no mundo já se lançaram em tal empreitada: captar a essência do homem comum em toda sua complexidade. Mas poucos se jogaram para valer com tamanha ambição e talento como o alemão Rainer Werner Fassbinder. Não bastasse boa parte de sua cinematografia voltada para o tema, ele procurou sintetizá-lo como pôde em Berlin Alexanderplatz, o monumental projeto de 1980 formado por treze capítulos e mais o epílogo que totalizam quase quinze horas de projeção.

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A série já foi veiculada pela TV Cultura e a própria Mostra exibiu-a completa em 1985, mas na bitola 16 milímetros. É a primeira vez, portanto, que acontece em São Paulo a exibição em 35 milímetros. Serão seis etapas, já que a maioria dos episódios consiste num média-metragem e podem ser agrupados. O primeiro, intitulado O Castigo Começa, será exibido neste sábado, às 19h50, no Cine Bombril 1. O calendário prossegue amanhã, às 18h10, no Cine Bombril 2, com mais três episódios. Em breve, a série estará toda em DVD.

A exigência da duração dá uma idéia prévia do que o cineasta pensa da reflexão sobre o homem moderno, ou ao menos aquele que era moderno no século XX. Franz Biberkopf (um ótimo Günter Lamprecht) é esse sujeito complicado para Fassbinder. Tipo de temperamento inconstante, ele acaba de deixar uma prisão de Berlin no final dos anos 20, onde cumpriu pena por homicídio.

Ao sair, procura uma ex-namorada, agora uma prostituta, e conta com a ajuda dos donos da hospedaria. Sem perspectiva e trabalho, passa a beber. Há um tom entre trágico e melodramático na história que irrompe conforme a situação e o momento vivido por Franz, um dos achados de Fassbinder para manter o interesse e a força da série até o final. Com a presença de suas musas Hana Schygulla e Barbara Sukowa, o cineasta poderia ter legado ao cinema apenas essas quinze horas e já teria crédito suficiente na galeria dos grandes realizadores. Mas, como se sabe, fez muito mais.

Redação Terra

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