32ª Mostra Internacional de SP

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32ª Mostra Internacional de SP

Sábado, 25 de outubro de 2008, 13h24 Atualizada às 13h46

Animação adulta e drama sórdido filipino são destaques

Tornou-se praxe dos três mais importantes festivais do mundo - Berlin, Cannes e Veneza - incluírem animações em suas listas da competição oficial. Melhor que seja não por uma atitude, digamos, amigável, mas sim pela qualidade cada vez mais impressionante na técnica e, principalmente, no conteúdo. Waltz With Bashir, ou Valsa com Bashir, representou esse bom acolhimento no último Festival de Cannes e será exibido neste sábado, às 23h30, simultaneamente no Unibanco Arteplex 1 e 2. São as únicas exibições agendadas e um belo programa que passa ao largo da idéia de uma animação de entretenimento.

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Trata-se, isso sim, de uma revisão documental realizada no processo 3D - num recurso que lembra filmes de Richard Linklater como Waking Life - dos passos que levaram um soldado israelense a testemunhar o massacre de centenas de palestinos nos campos de refugiados de Sabra e Shatila, em 1982, no Líbano.

Acontece que o tal militar em questão é Ari Folman, o diretor do filme que decidiu realizá-lo como um acerto de contas com o pesadelo recorrente da tragédia. Folman serviu o exército israelense naquele ano e fazia parte do pelotão que estava no lugar menos indicado e na hora errada, quando guerrilheiros cristãos de grupos chamados de falanges deram início às atrocidades.

Embora Israel não tivesse comprometimento direto, era um aliado das tais falanges. Tamanha confusão nesse contexto levou Folman a não mais separar realidade de uma memória apagada do que viu no Líbano. Daí os pesadelos recorrentes e a vontade de expulsá-los com o filme.

Houve quem no mesmo Festival de Cannes tenha apreciado, e muito, o concorrente filipino Serbis, programado às 14h30, na Cinemateca. Não lhe falta algum valor, mas talvez pelo avesso, pois a fita faz todo o esforço possível para ser desagradável na realidade decadente e sórdida que mostra. O problema é que não vai além desse tom explícito e acaba redundante já a partir do cenário, uma sala de cinema pornô quase em ruínas.

O local também serve de moradia para uma família, que ali convive com problemas da avó às voltas com o processo na justiça envolvendo a traição do marido ou da gravidez indesejada da namorada de um dos netos. É um filme radical no mais raso termo da palavra, a exemplo de uma cena de sexo oral.

Mas igualmente perturbador no barulho da rua que invade permanentemente o estabelecimento, nos encontros sexuais rápidos da sala freqüentada por gays (serbis quer dizer serviço, num contexto sexual inclusive) e na imundície do lugar que complementam as relações deterioradas do clã. A fita busca todo tempo chocar e leva a intenção a um grau quase fora da realidade - aquela que contraditoriamente quer representar.

Ainda uma atração a se conferir é Desierto Adentro, novo filme do jovem mexicano Rodrigo Plá. Pelo filme anterior, o instigante La Zona, ele mereceu o prêmio de revelação no Festival de Veneza de 2007. Será exibido, às 17h20, no CineSesc.

Redação Terra

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