32ª Mostra Internacional de SP

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32ª Mostra Internacional de SP

Segunda, 27 de outubro de 2008, 14h21 Atualizada às 14h25

Novo Amos Gitai emociona mas enfraquece rigor do diretor

Orlando Margarido
Direto de São Paulo

Mais Tarde Você Entenderá parece ser um daqueles momentos na carreira de um diretor em que ele é contaminado por uma história de valor para os que nela estão envolvidos, mas pouco significativa aos demais. O espectador pode sair da sala com essa impressão do novo filme de Amos Gitai, o talentoso realizador israelense de maior expressão na atualidade.

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Gitai, não sem coerência e justificativas mais do que honestas, se interessou pelo relato autobiográfico de Jerome Clément, um representante da área de radiodifusão francesa, sobre o passado trágico de seus pais e avós maternos judeus durante o Holocausto. Da mesma forma, parecem ter se sensibilizado com o drama a atriz Jeanne Moreau, que fez uma ponta no filme anterior do cineasta, A Retirada, e o ator Hippolyte Girardot, tamanho o empenho e a gravidade de ambos em cena. Apenas por essa dedicação é que o filme inspira alguma emoção.

Eles são, respectivamente, mãe e filho no filme. Victor, o filho, leva de forma obsessiva uma investigação sobre os acontecimentos envolvendo seus antepassados na época do nazismo. Sua obsessão se irrompe ao descobrir uma carta do pai, já morto, aos nazistas declarando-se cristão e supostamente se referindo à mulher como judia. A questão é que Rivka, a mãe a quem o filme é dedicado, mantém-se em silêncio sobre o caso, levando Victor ao desconsolo.

Como é habitual nos filmes de Gitai, o diretor contextualiza seus dramas através de algum ponto em comum com a realidade. No caso, trata-se do julgamento do criminoso nazista Klaus Barbie, em 1987, processo acompanhado, via noticiário, pelos protagonistas logo no início do filme.

O que parece andar em direção a um embate pessoal entre mãe e filho torna-se então apenas um momento de desolação para Victor, cuja representação maior está num flashback imaginado por ele da captura dos avôs maternos pelos nazistas. Não só esta cena, mas outras tomadas redundantes enfraquecem a seriedade e o rigor com os quais Gitai já levou antes temas igualmente delicados.

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