Diretor de origem tunisiana filma seu "Pixote" com sensibilidade

Os personagens de Khamsa, filme em sua última exibição nesta quarta-feira, às 19h10, na Cinemateca, são tipos constantemente explorados pelo cinema mundial e bem conhecidos do público brasileiro. Hector Babenco apresentou o seu, ou melhor, da crônica jornalística policial, com o nome de Fernando Ramos da Silva, o Pixote, no filme que realizou em 1981.

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O Pixote do cineasta de origem tunisiana Karim Dridi chama-se Marco Segala, tem 13 anos e é um cigano de família argelina que vive num acampamento improvisado em Marselha, sul da França. No mais, nada difere do pixote brasileiro.

Marco fugiu do serviço social, para onde foi depois de queimar um trailer onde estavam a madrasta e seu bebê. Rejeitado por esta e pela indiferença do pai, vai encontrar acolhida no primo, um anão que vive das rinhas, e nas amizades de meninos como ele prontos a roubar ou arranjar brigas.

Sem uma perspectiva original para subtrair do tema dos garotos de rua, a não ser o contexto da comunidade cigana que aqui surge nada folclórica e romântica como em determinado tipo de cinema, o diretor Dridi joga todas suas fichas no carisma e veracidade de seus personagens. Especialmente o protagonista Marco, vivido com talento por Marc Cortes, e seu amigo Coyote (Raymond Adam).

Não estará totalmente equivocado, portanto, quem torcer o nariz para mais esse retrato da delinqüência juvenil apenas correto. Mas também estará certo quem der um crédito à sensibilidade de um diretor escolado no assunto da sociedade que vive à margem e suas vítimas, como provam seus filmes anteriores Bye-Bye e Pigalle.