A cinebiografia Che, de Steven Soderbergh, encerra a 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo nesta quinta-feira. Com 4h20 de duração, dividido em duas partes, o projeto é inspirado na mais polêmica biografia do revolucionário já lançada, Che Guevara - Uma Biografia, de Jon Lee Anderson.
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Com tantas histórias a serem mostradas, Soderbergh optou por sintetizar dois confrontos: o primeiro com a vitória na revolução cubana, e o outro, que aborda a decadência - seguida de morte - de Guevara, em sua batalha na que seria a "grande revolução latina-americana."
O maior triunfo de Soderbergh em ambos os filmes é não adotar um lado político como ponto de partida. Por mais que o longa fale de Che, são mostrados tanto os defeitos quanto as qualidades do revolucionário. Como cita a biografia, o médico que se tornou guerrilheiro combatia a repressão, mas não hesitava em fuzilar aqueles que traíam seu movimento e outros desertores.
Sem o uso do sensacionalismo, o Che (Benício Del Toro) da película não é mostrado como um grande herói, mas sim como um personagem histórico, o que garante a integridade do roteiro. Os admiradores do capitalismo não terão argumentos o suficiente para simpatizar com a luta do personagem, mas ainda assim entenderão o porquê dele ter se abdicado de tudo para tentar libertar os povos da América Latina.
Como diversão, Che não poderia se sair melhor. O filme é interessante e, apesar de ressaltar muitos momentos históricos, não desprende a atenção do espectador, mesmo os mais alheios à história do revolucionário.
Sem financiamento americano - até hoje os Estados Unidos não podem manter relações diretas com Cuba - os produtores do filme tiveram que rodá-lo em países como Porto Rico, Espanha e México e contaram com o apoio financeiro dos mesmos. As investigações históricas foram feitas por Benício Del Toro, Laura Wickford, produtora, e o próprio Soderbergh, que tiveram a ajuda do Instituto da Cultura Cubana, apesar de não poderem filmar no território.
Os cubanos poderão conferir o filme no Festival de Havana, em dezembro deste ano. Nos cinemas brasileiros, as duas partes de Che vão estrear em meses diferentes. A primeira delas chega em fevereiro e a segunda em maio.
Redação Terra
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