Festival do Rio 2006

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Terça, 26 de setembro de 2006, 19h45  Atualizada às 22h28

No Brasil, cineasta mexicano critica combate ao terror

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O cineasta mexicano Alejandro González Iñarritu, melhor diretor em Cannes com seu filme Babel, disse nesta terça-feira, durante sua participação no Festival do Rio 2006, que está cansado das ideologias empregadas para justificar "políticas paranóicas e as guerras preventivas".

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Para Iñarritu, que também dirigiu Amores Brutos e 21 Gramas, o cinema é uma forma de apresentar suas críticas.

"Foi uma necessidade pessoal de falar de temas que estavam me causando muita dor, que vieram de uma necessidade de expressar o que eu sentia vivendo num país como os Estados Unidos", afirmou o cineasta.

Babel, segundo o diretor, é um filme sobre compaixão, que gera profundas emoções. Seguindo seus preceitos, anteriormente demonstrados nos dois últimos longa-metragens, o novo trabalho fecha o que ele vem chamando de trilogia sobre a teoria do caos.

Segundo Iñarritu, seu filme trata de temas do século 21: terrorismo, autoritarismo e imigração. "Estou cansado das ideologias e burocracias do mundo atual", afirmou. A idéia do filme surgiu antes mesmo de iniciarem as filmagens de seu trabalho anterior, há cerca de três anos.

Estrelado por Brad Pitt (envelhecido para representar um norte-americano de meia-idade), Cate Blanchett, Gael García Bernal e pela japonesa Kôji Yakusho, o filme percorre uma cadeia de acontecimentos gerada por um inocente tiro de fuzil dado a esmo no deserto do Marrocos, ecoando nos EUA, no México, no Japão e na própria África.

Mais que responder a perguntas, o filme se propõe a fazer o espectador refletir, garante o cineasta. "A vida não tem final. Eu quero que o público pense e questione a partir do filme", disse.

BARREIRAS
Para Iñarritu, o cinema não tem fronteiras, apesar de os líderes mundiais ainda insistirem em suas existências. O que, segundo ele, explica o fato de ser mexicano e assinar um filme de tamanha importância em Hollywood, a exemplo de outros cineastas latino-americanos.

"Ainda existem barreiras, não mais fronteiras. No entanto, as leis do terrorismo estão justificando o racismo e a xenofobia no mundo atual. Intolerância é uma palavra leve para o governo dos Estados Unidos, responsável pelas maiores contradições dos últimos anos."

Em crônicas familiares (todos os personagens trazem de fora do filme conflitos nas relações interpessoais, com filhos e em sociedade), Babel fala de arrogância, discriminação, imigração, infância, armas, terrorismo, adolescência e desejos sexuais.

"O filme fala um pouco de política e social, mas com muitos comentários implícitos. Mostra como decisões de origem humana podem ser classificadas como atos de ameaça, o que os Estados Unidos classificam como terrorismo, que justificam as políticas paranóicas e as guerras preventivas", disse.

"Eu ficaria feliz se o filme abrisse um debate amplo sobre a família e a sociedade de hoje", acrescentou.

No Brasil, Babel será exibido no Festival do Rio até o próximo sábado, dia 30, e depois na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. No circuito, estréia somente em 19 de janeiro de 2007. Nos EUA, o filme estréia em outubro.

Reuters
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