Orlando Margarido
Direto de Gramado
Num final de tarde agradável na temperatura, Gramado assistiu à abertura de mais uma edição do Festival de Cinema, o 36º de sua história, com música e pouca badalação.
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A apresentação musical ficou por conta da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, que tocou do repertório clássico a uma versão de Like a Virgin de Madonna. O público já se aglomerava por perto, tanto para ouvir o concerto como para conseguir o melhor lugar na grade que resguarda o tapete vermelho. Mas nesse quesito, o de glamour que Gramado apostou por muitos anos, a espera foi em vão. Só passaram por ali os atores e atrizes dos filmes exibidos domingo à noite, como Antonio Calloni, de Dias e Noites, e Leandra Leal, a protagonista de Nome Próprio.
Dentro da sala, o clima se mostrou mais propício à homenagem para Renato Aragão do que para surpresas na tela. Logo depois do trapalhão receber um Kikito especial, o que estava programado para o intervalo entre os dois filmes, o público acompanhou e gostou de Dias e Noites, o primeiro título da programação, mas não integrante da seleção competitiva.
Já a crítica condenou o que viu como um novelão melodramático mal conduzido e repleto de clichês que não cabe num festival em busca do resgate da seriedade e do respeito - e não apenas dedicado ao glamour de globais.
Baseado no romance de Sérgio Jockymann Clô Dias e Noites, o filme acompanha a trajetória de Clotilde (Naura Schneider) a partir de seu casamento nos anos 50 com um fazendeiro tirânico (Calloni) do interior do Rio Grande do Sul. Por sua postura insubordinada e por teimar em não dar um filho varão ao marido, ela apanha, foge de casa deixando dois filhos, e passa a viver à custa de amantes.
O longa é dirigido pelo gaúcho Beto Souza, parceiro de Tabajara Ruas em Netto Perde sua Alma. Ruas está de volta este ano com Netto e o Domador de Cavalos. Na apresentação da fita, a atriz Naura Schneider, também produtora, espera que o filme seja um alerta contra a violência feminina.
O segundo título da noite já é conhecido de uma parcela do público brasileiro. Nome Próprio, de Murilo Salles, já está em cartaz em São Paulo, por exemplo, mas não no Rio Grande do Sul, o que o habilitou a entrar na seleção competitiva se acordo com o regulamento do festival.
Além do diretor, subiram ao palco para a apresentação a protagonista Leandra Leal e a escritora Clara Averbuck, em textos da qual o filme se baseia. Clara é de Porto Alegre, o que manteve o tom gaúcho da noite de abertura.
Salles lembrou que Gramado é muito importante para ele pois foi aqui que apresentou seu primeiro longa-metragem, Nunca Fomos Tão Felizes.
A atriz Leandra Leal também falou do carinho por Gramado. "Estive aqui pela primeira vez na barriga da minha mãe", disse, referindo-se à atriz Ângela Leal.
A resistência do filme, que divide a crítica, deve-se em grande parte a sua dedicada performance como a jovem que não consegue estabilizar sua vida senão pelos textos que escreve num blog. Uma interpretação digna, inclusive, de um Kikito.
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