36º Festival de Gramado

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36º Festival de Gramado

Quarta, 13 de agosto de 2008, 02h32 Atualizada às 07h31

Walmor Chagas recebe troféu em Gramado

Orlando Margarido
Direto de Gramado

A terceira noite de competição dependeu mais do palco do que da tela do cinema da sede do festival. Ali, ocorreram as habituais homenagens a atores e diretores e terça-feira foi a vez de Walmor Chagas, esbanjando emoção e simpatia ao receber o Troféu Oscarito.

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Aos 78 anos, fez um discurso límpido e certeiro de sua carreira, sem esquecer momentos chaves. Lembrou os primeiros anos de formação em Porto Alegre, onde nasceu, sua estréia no cinema com São Paulo S/A, as grandes montagens no teatro, o aprendizado intelectual e profissional, o encontro com Luis Buñuel no Festival de Acapulco e a parceira e mulher Cacilda Becker.

Ele voltou a Gramado este ano, já que na edição anterior foi premiado por sua atuação em Valsa para Bruno Stein. A essa altura, o público já havia recebido com pouco entusiasmo o segundo longa-metragem estrangeiro da competição, o documentário Mindelo, Trás do Horizonte, de Cabo Verde, e se preparava para acompanhar o drama histórico Netto e o Domador de Cavalos, de Tabajara Ruas, este sim um título genuinamente gaúcho, no que isso carrega de positivo e negativo.

Ruas, um prolífico escritor que dirigiu em parceria com Beto Souza - presente fora da competição com Dias e Noites - Netto Perde sua Alma, recupera o personagem de sua literatura e o leva de encontro à lenda do Negrinho do Pastoreio, originada no Rio Grande do Sul e popular em todo o País.

A ação agora transcorre em 1835, às vésperas da Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos. Netto (novamente interpretado por Werner Schünemann) desta vez é o revolucionário que vem procurar um famoso índio domador de cavalos (Tarcísio Filho), seu companheiro em guerras passadas, e o encontra preso e torturado por militares num forte longínquo.

Para resgata-lo, reúne-se a escravos rebelados e conhece o negrinho (o estreante Evandro Elias), assim chamado por nem ter nome. Propriedade de um rico estancieiro, o menino é sua aposta em corridas de cavalo. Quando perde uma disputa, é chicoteado e levanta a ira do grupo de rebelados.

Vale a pena ressaltar aqui a cena em que o castigo acontece como um dos momentos mais impactantes e dramáticos vistos no festival. Mas é muito pouco para sustentar um filme quadrado demais, sem empolgação e baseado numa narrativa tradicional em que pesa uma voz narradora (a do índio) aborrecida e desnecessária.

Pode ser louvável um cinema como o do Rio Grande do Sul recontar no cinema sua trajetória histórica e tradições, mas no caso desse e outros títulos semelhantes a iniciativa se esgota na própria intenção, esquecendo-se de outros princípios básicos para dialogar com o público.

O representante cabo-verdiano correu por fora da noitada gaúcha e não conseguiu equilibrar a programação. O diretor Alexis Tsafas propõe um interessante formato documental ao deixar a câmera passear por São Vicente, uma das ilhas do arquipélago de Cabo Verde.

Colhe flagrantes do cotidiano de uma das principais cidades, Mindelo. Enquanto mostra, por exemplo, um teatro de marionetes assistido por crianças ou danças típicas e o trabalho no porto, alguns moradores recitam textos da literatura local ou mesmo de Jorge Amado.

Há momentos bem-sucedidos, mas a maior parte parece servir como um cartão de visita, um projeto quase institucional para mostrar a vida dos cabo-verdianos ao mundo. Foi uma dose dupla histórica que nada acrescentou a um festival até agora fraco e sem rumo.

Redação Terra

Gustavo Vara/PressPhoto/Divulgação
Walmor Chagas recebe troféu Oscarito no Festival de Cinema de Gramado
Walmor Chagas recebe troféu Oscarito no Festival de Cinema de Gramado

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