Curtas trazem vigor à programação do Festival de Gramado

Até poucos anos atrás, os curtas-metragens em competição pelos Kikitos eram exibidos juntos com os longas-metragens da seleção principal. O pacote saturava o público e dividia a platéia entre os interessados pelo formato e os que apenas esperavam a exibição dos longas. A transferência para o horário das 17h mostrou-se acertada. Os lugares do cinema ficam quase lotados e só acompanha quem realmente quer. Foi o que se viu mais uma vez nesta terça-feira, com a primeira fornada para a premiação.

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Não houve nenhum título arrebatador, mas todos tiveram boa recepção, com maior atenção esperada para Blackout, a estréia do montador de Tropa de Elite, Daniel Rezende. Curioso que um dos quesitos menos brilhantes seja justamente a montagem, mas o filme se estrutura bem na rápida anedota de dois colegas de trabalho que se trancam num pequeno depósito do escritório para falar mal do chefe.

Com questões técnicas que tiram boa parte de sua força, Hiato, de Vladimir Seixas, parte de registros amadores para contar a polêmica visita que integrantes do Movimento Sem-Terra decidiram fazer a um shopping carioca há sete anos.

Melhor levada tem os curtas Espalhadas pelo Ar, de Vera Egito, e Noite de Domingo, de Rodrigo Hinrichsen, afinados num tema e olhar delicados. O primeiro mostra o encontro de uma jovem em processo de separação (a bela Ana Carolina Lima) com uma adolescente, vizinha do prédio onde mora, envolvida com o primeiro amor.

Amor, ou a falta dele para ser mais preciso, é também assunto visto pelo viés da solidão no filme seguinte. Um dono de bar toca no apartamento de uma jovem desconhecida e acaba sendo recebida por ela como um amigo de um amigo, engano que terá desdobramentos.