36º Festival de Gramado

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36º Festival de Gramado

Quarta, 13 de agosto de 2008, 14h53

"Fiz um mural cultural do RS", diz diretor de 'Netto'

Orlando Margarido
Direto de Gramado

Opiniões divergentes sempre são saudáveis durante um festival de cinema e o filme de Tabajara Ruas, Netto e o Domador de Cavalos, é o título que até agora provocou debates mais inflamados.

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Em grande parte porque toca na prata da casa, a história épica rio-grandense, ou ao menos um recorte dela vista pelo ângulo de uma lenda. O gaúcho Tabajara toma a popular história do Negrinho do Pastoreio (vivido pelo bom estreante Evandro Elias) e o leva ao momento próximo da eclosão da Revolução Farroupilha, em 1835, do qual parte, aliás, seu filme anterior, Netto Perde sua Alma.

Propriedade de um rico barão, o negrinho perde uma corrida de cavalos e é chicoteado, numa das cenas mais perturbadoras e dramáticas ¿ e a melhor do filme ¿ vistas até agora no festival.

No debate com público, jornalistas e convidados a pouco, as críticas mais contundentes eram em relação ao didatismo excessivo da fita, especialmente pela escolha do recurso da narração, pomposa e descritiva demais. "Há mesmo um tom solene, que fiz questão de usar pois achava importante ressaltar a nobreza do personagem do narrador", justificou Ruas.

O personagem é um índio mestiço interpretado por Tarcísio Filho, a quem o general Netto (mais uma vez Werner Schünemann) reencontra prisioneiro dos militares num forte longínquo. A presença de Tarcísio, numa composição que não convence nas sutilezas exigidas por um tipo tão específico e rico, também incomodou e foi objeto de algumas perguntas no encontro.

"Acho que há uma prevenção com ele, por ser ator de televisão, filho de quem é; mas ele é um ótimo ator e está com um olhar perfeito, maravilhoso, que sintetiza o personagem", diz.

Ruas acrescentou que continuará a realizar filmes históricos, dramáticos como esse, épicos como o anterior, para tentar eliminar uma tendência rasa, sem nuances, de como o gaúcho entende sua história.

"É uma coisa patriótica boba; esse filme não é sobre a história do Rio Grande do Sul, e sim pretendi fazer um mural cultural do estado", disse.

"A tragédia aqui é a que envolve o negrinho, que foi chicoteado até a morte e tornou-se uma lenda", completa.

Werner Schünemann emendou que é necessário cair fora do chavão, dos clichês patrióticos bobos, pois "o Rio Grande do Sul seqüestrou sua história do resto do Brasil, e assim como Guimarães Rosa falou de Minas para todo o país, nós precisamos fazer o mesmo e devolver a história gaúcha para os brasileiros".

Especial para Terra

Divulgação
Cena do filme <I>Netto e o Domador de Cavalos</I>, de Tabajara Ruas
Cena do filme Netto e o Domador de Cavalos, de Tabajara Ruas

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