36º Festival de Gramado

› Diversão › Cinema e DVD › Festival de Gramado › 36º Festival de Gramado

36º Festival de Gramado

Quinta, 14 de agosto de 2008, 18h14

Eliana Pittman relembra pai jazzista em Gramado

Orlando Margarido
Direto de Gramado

"Preparem-se que vou me debulhar em lágrimas durante a sessão", dizia na quarta à noite a cantora Eliana Pittman para amigos durante um jantar. Ela se referia à exibição nesta quinta do curta-metragem Booker Pittman, sobre o seu pai e jazzista que dá título ao filme dirigido por Rodrigo Grota.

» Veja os indicados
» Confira a programação

Americano nascido em Dallas em 1909, Booker Pittman fez carreira nos Estados Unidos com nomes como Count Basie e Ben Webster e depois de idas e vindas ao Brasil durante turnês, fixa-se em Londrina, no Paraná, onde tenta abandonar o vício da cocaína.

Pobre e anônimo, torna-se alcoólatra e um frequentador de bares e prostíbulos. Trabalhou num deles como pintor de parede. É esse período lendário e quase romântico do músico que chamou a atenção do jovem diretor Rodrigo Grota numa notícia de jornal local, em 2006.

"Tratava do resgate de músicos desconhecidos e suas obras na Internet; Booker era um desses nomes citados, ele é um completo desconhecido e acho que o filme vai resgatar sua importância e apresentar ele para muita gente", diz Grota.

O curta-metragista se dedica a uma trilogia com artistas esquecidos da Londrina dos anos 50, como o poeta japonês Satori Uso, cuja trajetória rendeu um curta homônimo exibido ano passado em Gramado e premiado em vários festivais, e prossegue em breve com a vida do fotógrafo Haruo Ohara.

Grota teve acesso ao espólio de Booker por meio de sua filha, que lhe apresentou mais de quarenta fotografias, discos etc. "Eliana ficou muito entusiasmada e deu grande apoio ao filme."

Entre outras preciosidades recuperadas, há um depoimento do jazzista encontrado no acervo do Museu da Imagem e do Som. Depois de recuperado da saúde debilitada, Booker foi para São Paulo, onde se apresentou ao lado de Louis Armstrong e conheceu a futura mulher, Ophelia.

Antes de morrer, aos 60 anos, em 1969, lançou a carreira da filha. O curta é estrelado por Edson Montenegro e Cléo de Páris e conta com mais de cinquenta pessoas no elenco e um cenário construído para lembrar apresentações em cabarés de Dallas.

Especial para Terra

Busque outras notícias no Terra