36º Festival de Gramado

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36º Festival de Gramado

Sexta, 15 de agosto de 2008, 10h48

Gramado: Domingos Oliveira é ovacionado por novo filme

Orlando Margarido
Direto de Gramado

A casa não estava cheia, mas o público presente na sala do Palácio do Festival aplaudiu com vontade o longa-metragem Juventude, do carioca Domingos Oliveira, concorrente nacional da noite desta quinta-feira.

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Antes, a platéia se sensibilizou com o delicado Cochochi, dos mexicanos Israel Cardenas e Laura Guzmán, já exibido na Mostra de Cinema de São Paulo.

A programação ainda incluiu a premiação para a Mostra Gaúcha, de curtas-metragens locais, uma tradição na serra que sempre vira festa dos jovens realizadores, com brincadeiras, gritaria e discursos de muita motivação no palco.

O título Um Dia Como Hoje, de Eduardo Wannmacher rivalizou em número de prêmios ¿ quatro estatuetas, o Troféu Assembléia Legislativa, mais R$ 2,5 mil ¿ com Cortejo Negro, de Diego Muller, nas categorias de Melhor Filme e Melhor Direção respectivamente, para ficar nas principais.

Vale ainda ressaltar a homenagem, realizada um pouco antes das sessões, ao jornalista e crítico gaúcho Luiz Fernando Becker, o Tuio Becker, morto em maio passado. O festival lhe dedicou uma placa no hall do Palácio do Cinema, onde o crítico também gaúcho Luis Carlos Merten lembrou o amigo e companheiro do jornal Zero Hora, colegas ainda do cineasta Tabajara Ruas (Netto e o Domador de Cavalos) no curso não concluído de arquitetura em Porto Alegre.

Mas o destaque da noite coube mesmo ao novo trabalho de Domingos, o cineasta que conquistou um público fiel com seus filmes baseados em sentimentos comuns a todos como amor e amizade. De Separações e Amores, o filme visto em Gramado tem uma diferença que parece ter tocado mais o público. Domingos, em cena como é habitual, juntou-se aos atores também marmanjões Paulo José e Aderbal Freire Filho, este um diretor de teatro com pouca experiência na frente da câmera, para filmar uma roda de amigos e suas questões relativas à idade, na média dos 60 e 70 anos.

Durante um dia e uma noite, David (Paulo José) recebe os companheiros na fabulosa casa em Petrópolis herdada dos pais, onde mora com os empregados. Prepara um lauto jantar, também para relembrar a representação da peça que todos fizeram no colegial de A Ceia dos Cardeais.

Chega Antonio (Domingos) e suas queixas das mulheres de sua vida, incluindo a atual, e logo depois Ulisses (Aderbal), envolvido numa crise com a filha viciada em heroína. Os três relembram passagens de sua convivência e discutem suas relações atuais. Parece uma estrutura simples, e realmente é, mas Domingos dá um sentido especial a essas vidas bem vividas, além de muito humor e charme.

Também relativamente simples, mas não simplista, é o mexicano Cochochi. Habituou-se a ouvir desse delicado trabalho que é um filme iraniano do México, tanto como forma de valorizá-lo como para desaboná-lo. Dois garotos irmãos de ascendência indígena num pequeno povoado recebem do avô a incumbência de levar remédios para parentes distantes. Decidem roubar o cavalo do avô para não ter de fazer o caminho a pé, mas o animal some. Para tentar reavê-lo, vão conhecer personagens nem sempre confiáveis, outros sim, acabam se separando e aprendendo algumas formas de sobrevivência.

Os créditos da produção incluem os atores Diego Luna e Gael Garcia Bernal, o que parece emprestar também ao filme um desejo de descobri e mostrar ao mundo um México de contraste com aquele dos grandes centros urbanos, de pessoas e códigos ainda arraigados a uma antiga ética.

Especial para Terra

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