Fraca seleção de curtas marca primeiro dia da mostra
A primeira exibição dos curtas do Festival de Cinema de Gramado começou nesta terça-feira (11), no Palácio dos Festivais. As sessões se iniciaram por volta das 17h, com entrada franca, fora das exibições de gala.
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Apesar da mostra trazer vigor à programação de Gramado, nenhum dos filmes selecionados conseguiu agradar por completo. Pelo menos dois deles, Quiropterofobia, de Fernando Mantelli, e Em Terra de Cego, de João Bofthauser, incomodaram por uma linguagem desnecessária.
Quiropterofobia é uma espécie de O Albergue tupiniquim, ainda que um tanto mais incômodo. No final da sessão, foi possível ouvir algumas vaias. Muitos dos espectadores, incluindo críticos de cinema, deixaram a sala devido à amostra de sangue explícita e sem intenção exata.
O filme conta a história de um casal e um taxista que são seqüestrados e levados a um cativeiro, habitado por um psicopata que adora beber sangue. Fora isso, a produção não traz nada mais interessante em seus 17 minutos. Fica difícil entender, por exemplo, porque Mantelli quis filmar o roteiro. Parece que a única intenção aqui foi mostrar assassinatos e sangue em cena.
Já Em Terra de Cego conta com um humor um tanto passado, repleto de um linguajar explícito, talvez uma forma forçada de fazer o público rir. A trama narra a história de Fabão, um bandido que consegue se livrar de vários apuros contando histórias absurdas. Algumas sacadas do curta são até interessantes, mas se repetem à exaustão, causando certa preguiça.
Os destaques da mostra ficam com Pra Inglês Ver, de Vitor Granado e Robson Dias, uma crítica ao turismo de estrangeiros na favela, atividade muito comum no Rio de Janeiro. Ressalto aqui a declaração de um estudante morador do morro, que expressa, sem que os diretores digam qualquer palavra, a intenção central do curta: a de dizer que o turismo na favela é, na realidade, uma forma de explorar a pobreza.
O último filme exibido na mostra foi o caprichado Doceamargo, história de um jovem casal que sofre um acidente na época da ditadura. Os dois fazem declarações de amor enquanto esperam pela morte certa, ainda guardando um fio de esperança. A produção - repleta de apoios poderosos, como Caetano Veloso, Paula Lavigne, Alex Lerner e da atriz Débora Falabella, que protagonniza a trama - é muito bem ambientada.
