Drama apocalíptico não gera manifestação
, exibido nesta quarta-feira (2) na competição da 66ª edicao do Festival de Veneza, poderia ser incluído na esgotada categoria do cinema americano de desastre, o chamado disaster movie, não fosse seu tratamento mais individualizado no tema, longe do conceito de tragédia coletiva do gênero. Primeiro porque a hecatombe que se abate sobre o planeta atual nao tem causa explícitada, mas nem precisa para o espectador que diariamente lê noticias sobre ecologia nos jornais.
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Parece ser algum cataclisma do tipo o que deixou a superfície dos Estados Unidos - claro, o pais representa todo o universo de destrução - cinzenta, com resquícios de vegetacão, e apenas alguns seres humanos buscando a sobrevida. Entre eles estão pai e filho (Viggo Mortensen e Kodi Smit McPhee), que viajam em direcão ao sul supostamente para encontrar possibilidade de sobrevivência, depois do, digamos, desaparecimento da mãe (Charlize Theron). No caminho, os perigos incluem, por exemplo, canibalismo, que se tornou atual entre sobreviventes.
A história é baseada em novela premiada do escritor americano Corman McCarthy, o mesmo de Onde os Fracos Não Têm Vez, adaptado pelos irmãos Coen. Talentosíssimo no universo sempre desconcertante que cria, como no caso do serial killer de seu filme mais famoso, McCarthy e um desafio para os diretores, nem todos com o talento dos Coen.
O novato, ou quase, John Hillcoat nao chega a perder a força das narrativas do escritor mas não procura o equilíbrio implícito daquelas, muitas vezes exagerando na dose, e deixando a trama à beira de um thriller que não é. A plateia, pelo visto, nao soube ou nao quis responder com alguma manifestação e pareceu mais indiferente do que impressionada. É o tipo de filme que faz questionar sua presença numa seleção de Veneza voltada habitualmente para as novidades do cinema, e isso The Road seguramente nao traz.
