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Cinema

 
 

Babenco explica Carandiru em San Sebastián

24 de setembro de 2003 18h52 atualizado às 18h53

O diretor Hector Babenco . Foto: Rogério Lorenzoni/Terra

O diretor Hector Babenco
Foto: Rogério Lorenzoni/Terra

O cineasta brasileiro Hector Babenco apresentou o filme Carandiru, nesta quarta-feira, no Festival de Cinema de San Sebastián, na Espanha, no qual concorre ao Prêmio do Público, e disse que sua mais recente produção trata dos "filhos da violência", fruto de uma "miséria endógena".

O cineasta acredita que esta violência é conseqüência "das carências" em que vive muita gente, em bairros "sem infra-estruturas de nenhum tipo, sem meios de subsistência e sem informação sobre controle de natalidade".

No entanto, Carandiru não é um filme sobre a violência, mas sobre "as leis que regem a vida da prisão", normas que não estão escritas em nenhum lugar mas que são cumpridas com todo o rigor.

Em uma cena do longa, o diretor da prisão diz: "Este lugar é dos presos e se explode é porque eles não querem".

O código interno da prisão, que os presos respeitam para sobreviver, faz com que "haja menos violência dentro das prisões do que nas ruas", explicou Babenco.

O realizador constrói um mosaico de dramas pessoais a partir das histórias contadas pelos presos ao médico Dráuzio Varella, vivências que Babenco reúne "sem julgá-las, com a limpeza do olhar de um médico, para quem todas essas pessoas são pacientes que atende por igual".

A violência retratada no filme é um dos problemas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá dificuldades para erradicar, segundo Babenco.

No entanto, o realizador está convencido de que Lula "vai fazer muitas coisas porque é um lutador. Não poderá fazer tudo o que prometeu porque prometeu muito, mas fará coisas importantes".

Além de apresentar seu filme, Babenco está no Festival como membro do júri da Seção Oficial e está hospedado no hotel María Cristina, desde onde ouve constantemente os gritos dos trabalhadores, que estão em greve há uma semana.

"Aqui os senhores brigam para trabalhar oito horas semanais menos que no Brasil, onde brigamos para trabalhar", disse o diretor, que lembrou aos jornalistas que vive em um país com "uma miséria endógena", onde é muito difícil fazer cinema.

As dificuldades do cinema brasileiro levou o diretor de O Beijo da Mulher Aranha a trabalhar várias vezes nos Estados Unidos.

Mas Babenco não pretende ser um diretor de Hollywood e fazer carreira nos Estados Unidos, porque "o exílio tem um preço muito caro" e ele já teve que refazer sua vida uma vez, ao chegar ao Brasil, com 17 anos.

"Não quero viver nos Estados Unidos e transformar-me - disse o cineasta- porque o desenraizamento cultural te faz perder muitas coisas e só te faz ganhar dinheiro".

EFE
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  1. Aida Lener ousou na noite de gala de Carandiru  Foto: AP

    Aida Lener ousou na noite de gala de Carandiru

    Foto: AP

  2. Santoro, Maria Luisa Mendonça e Babenco na noite de gala do Festival de Cannes 2003.  Foto: Reuters

    Santoro, Maria Luisa Mendonça e Babenco na noite de gala do Festival de Cannes 2003.

    Reuters
    Foto: Reuters

  3. Babenco e seu elenco  Foto: Reuters

    Babenco e seu elenco

    Reuters
    Foto: Reuters

  4. Carandiru, de Hector Babenco, representa o Brasil na mostra do Festival de Cannes. O filme foi recebido com frieza em sua sessão para a imprensa.  Foto: Reuters

    Carandiru, de Hector Babenco, representa o Brasil na mostra do Festival de Cannes. O filme foi recebido com frieza em sua sessão para a imprensa.

    Reuters
    Foto: Reuters

  5. Hector Babenco e Maria Luisa Mendonça, que vive Dalva em Carandiru.  Foto: Reuters

    Hector Babenco e Maria Luisa Mendonça, que vive Dalva em Carandiru.

    Reuters
    Foto: Reuters

  6. Hector Babenco, Maria Luisa Mendonça e Aida Leiner. Carandiru é o único longa-metragem latino-americano da seleção oficial  Foto: Reuters

    Hector Babenco, Maria Luisa Mendonça e Aida Leiner. Carandiru é o único longa-metragem latino-americano da seleção oficial

    Reuters
    Foto: Reuters

  7. Elenco de Carandiru posa durante o Festival de Cannes. O filme  representa a volta do Brasil à competição depois de três anos de ausência.   Foto: Reuters

    Elenco de Carandiru posa durante o Festival de Cannes. O filme representa a volta do Brasil à competição depois de três anos de ausência.

    Reuters
    Foto: Reuters

  8. Em Cannes, Hector Babenco fez festa para os fotógrafos, acompanhado do elenco de Carandiru  Foto: Reuters

    Em Cannes, Hector Babenco fez festa para os fotógrafos, acompanhado do elenco de Carandiru

    Reuters
    Foto: Reuters

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