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Cinema

 
 

Aumenta polêmica sobre filme de Mel Gibson

20 de fevereiro de 2004 14h11

Cena do filme de Mel Gibson. Foto: Divulgação

Cena do filme de Mel Gibson
Foto: Divulgação

Quando o Brasil estiver de ressaca do carnaval, os Estados Unidos já vão estar em clima de Páscoa. Chega a 2,8 mil cinemas na América do Norte na Quarta-Feira de Cinzas um dos filmes mais polêmicos dos últimos tempos. A Paixão do Cristo conta a versão de Mel Gibson para as últimas 12 horas na vida de Jesus Cristo. O filme é acusado de anti-semitismo por supostamente colocar a culpa da crucificação no povo judeu.

A Paixão do Cristo é o primeiro trabalho de Gibson na direção desde Coração Valente, de 1996, que ganhou dois Oscars. Para fazer a fita, o ator e diretor gastou US$ 30 milhões do próprio bolso. Com a dificuldade de arrumar uma distribuidora interessada em colocar a batata quente nos cinemas, ele teria concordado em botar mais US$ 25 milhões para promover a fita. A distribuição ficou a cargo da Newmarket Films, uma empresa de porte pequeno.

Até pouco tempo atrás, Hollywood dava com certo que o diretor perderia seu investimento, mas o crescimento da controvérsia nas últimas semanas pode ajudar a bilheteria do filme. Esta semana, a Newmarket anunciou o aumento de 2 mil para 2,8 mil no números de salas que vão exibir o filme. O motivo teria sido o grande números de ingressos vendidos antecipadamente. Estes tíquetes têm sido comprados em blocos por grupos religiosos, principalmente no Bible Belt (o Cinturão da Bíblia), região do Sul dos Estados Unidos em que o fundamentalismo cristão é mais disseminado.

Para o fim de semana de estréia, já é esperada uma bilheteria de US$ 30 milhões, que pagaria os custos de produção da fita. Esta é a posição otimista. A pessimista é de que o diretor (um Católico tradicionalista que acha que missas têm de ser rezadas em latim, por exemplo) vai perder dinheiro, os grandes estúdios não vão oferecer mais nenhum projeto ao ator e os fãs vão passar a vê-lo como um beato fanático sem nenhuma credibilidade. Ainda assim, nomes poderosos de Hollywood acham que o sucesso de sua carreira garante a ele qualquer tipo de excentricidade.

O filme tem sido criticado tanto por líderes judeus, que têm medo de uma campanha de encorajamento do anti-semitismo, quanto por católicos moderados, que estão preocupados com o apelo do projeto para fundamentalistas religiosos, que têm ganhado espaço no governo do presidente George W. Bush. Gibson não é tão fiel assim a sua "visão" e tem feito algumas concessões aos críticos e ao mercado. Foi cortada a legenda de uma cena em que o sacerdote Caiafas diz que o sangue de Cristo vai estar para sempre nas mãos dos judeus. Quase não é possível ouvir a frase. Os diálogos em latim e aramaico foram legendados, o que também não estava em seus planos iniciais.

Para quem espera um filme religioso de "Sessão da Tarde" na época da Páscoa, A Paixão do Cristo vai ser uma surpresa. A fita é considerada muito violenta. Gibson, que queria mostrar ao público "o verdadeiro sofrimento de Cristo", vai testar a capacidade da audiência de assistir a longos espancamentos e outras atrocidades.

Ainda vai demorar para Hollywood saber como A Paixão do Cristo vai repercutir na carreira de Gibson. Ele disse recentemente que havia o projeto de novos capítulos da franquia Mad Max, mas revelou recentemente que está "velho" e que os filmes não sairiam do papel por causa de problemas no orçamento. Sua trajetória pode ter, no entanto, novos filmes religiosos. Gibson afirma ter tido novas idéias do gênero enquanto rodava a fita na Itália. No Brasil, A Paixão do Cristo deve chegar aos cinemas em 26 de março.

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