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A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas abriu mão do uruguaio Jorge Drexler, candidato ao Oscar de melhor canção original por Al otro lado del río, de Diários de Motocicleta, e escalou o ator espanhol Antônio Bandeiras e o guitarrista mexicano Carlos Santana para apresentar a música.
A alegação é de que o autor da canção não é conhecido e poderia prejudicar os níveis de audiência da cerimônia. "Por que negar? Eu gostaria de cantar no Oscar", confessou o compositor uruguaio ao chegar a Los Angeles.
O músico, de 30 anos, é o primeiro artista de língua espanhola a competir no Oscar com uma canção em espanhol. Aos olhos da Academia, no entanto, isso não é suficiente para que ele interprete a canção de Diários de Motocicleta na cerimônia de entrega dos prêmios, no próximo domingo.
Drexler foi diplomático: "Não é que eu tenha nada contra ele. Também gosto de escutar outros cantando minhas canções, e Antonio é uma pessoa maravilhosa", diz. "Mas preferiria que eu próprio interpretasse. Eu toco muito ao vivo. E o próprio Antonio diz: 'Quem tem de cantar é você'. Mas eles têm seus alvos", afirma.
"Eles" são os organizadores da 77ª edição destes prêmios, os mesmos que lhe disseram claramente que queriam "alguém que o público reconheça porque se não vão mudar de canal".
É o mesmo critério utilzado para colocar três das canções candidatas na voz de Beyoncé. "Mais jovem e atraente, não vou me comparar", brinca Drexler.
Beyoncé cantará os temas de O Expresso Polar, A Voz da Coração e O Fantasma da Ópera. A quinta música candidata, do filme Shrek, será cantada pelos seus autores, os já populares Counting Crows.
Drexler tem mais de uma década de carreira musical, sete álbuns no total e é conhecido tanto na Europa como na América Latina, mas seu Eco é o primeiro álbum no mercado americano.
Segundo o compositor, tanto ele como o diretor de Diários de Motocicleta fizeram de tudo para transmitir na cerimônia a verdadeira voz de Al otro lado del río.
Banderas também tentou, mas, como lembra Drexler, "a decisão foi tomada com outro critério". Podia ter sido pior e, segundo descobriu pela internet, a Academia tinha em mente Enrique Iglesias como seu suplente.
Educado, Drexler ressalta que não quer que suas preferências sejam tomadas como um juízo de valor. Embora Iglesias tenha todo seu respeito como artista, "teria preferido Caetano Veloso". Com Banderas diz estar satisfeito. Ele "põe o coração em tudo o que faz".
Assim, no próximo domingo, Drexler chegará ao teatro Kodak de Los Angeles acompanhado de sua mulher, Ana Laan, e se limitará a assistir ao espetáculo, a menos que conquiste a estatueta. Para essa possibilidade, ainda nem preparou o discurso de agradecimento, que pensava redigir durante o vôo, mas a viagem de avião foi ruim devido ao vendaval que atinge a Califórnia.
"Além disso, também não sei se vou receber o prêmio sentado, de pé, no palco ou no bar", brinca, em referência às novas mudanças nesta cerimônia, que pela primeira vez quer conceder estatuetas na platéia.
Com o mesmo humor, o compositor fala de sua paixão pelo cinema e, em particular, o gosto de ter composto uma canção para um filme como Diários de Motocicleta.
Ele diz que gostaria de ter uma experiência semelhante com Eric Rohmer, embora o veterano cineasta francês não costume incluir música em seus filmes. Ou com outro candidato ao Oscar, como Alejandro Amenábar, "mas ele compõe sua própria música". O espanhol Pedro Almodóvar e o mexicano Alejandro González Iñárritu também estão na lista de cineastas com os quais gostaria de trabalhar.
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