Toronto 2006

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Segunda, 11 de setembro de 2006, 18h13 

Terrorismo e as 'mortes' de Bush e Blair são astros em Toronto

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A temática do terrorismo predominou no Festival de Cinema de Toronto, com a apresentação de dois filmes polêmicos, um sobre o assassinato fictício do presidente americano, George W. Bush, e outro sobre a história de um iraquiano erroneamente acusado de planejar a morte do premier britânico, Tony Blair.

Na noite de domingo, véspera do quinto aniversário dos atentados de 11 de setembro, a mostra canadense apresentou ao público em caráter de "estréia mundial", Death of a President (A Morte de um Presidente), do diretor britânico Gabriel Range.

Este filme "reconstrói" o assassinato, em 2007, de George W. Bush em Chicago, depois de importantes manifestações contra a guerra no Iraque, conjugando seqüências de arquivo e cenas nas quais o presidente americano aparece em imagens digitais.

Death of a President, que deve ser exibido em outubro em uma emissora inglesa, já é motivo de polêmica nos Estados Unidos, onde ainda não tem sua distribuição garantida.

O filme foi adicionado na última hora ao programa do respeitado festival e as entradas para a estréia, para a qual a mídia não foi convidada, se esgotaram rapidamente.

Centenas de cinéfilos se amontoaram nas bilheterias antes da projeção com a vã esperança de encontrar algum lugar.

As autoridades locais reforçaram as medidas de segurança em torno do diretor do filme. Diante da polêmica gerada por este documentário de ficção, o co-presidente do festival, Noah Cowan, defendeu a decisão de ter incorporado o filme à programação.

"Trata-se de uma obra corajosa, que tenta desenvolver um novo vocabulário cinematográfico para falar do estado atual do mundo. Vivemos em uma época violenta e é muito difícil encontrar formas de confrontar isto com o cinema", declarou.

No entanto, a reação do público ao filme não foi unânime. "É muito bem feito (...), não é em absoluto um filme anti-Bush, mas simplesmente uma ficção sobre o que poderia acontecer um dia", avaliou um espectador canadense.

"Não é nada chocante. Nós nos perguntamos todo o tempo quando chegará esse dia (do assassinato do presidente Bush)", disse uma americana.

"O filme é chato (...), é uma idéia boa demais para resultar em algo tão ruim", criticou um jovem decepcionado com o filme, o qual comparou com uma série policial americana ruim.

Outro filme apresentado neste domingo no festival foi The prisoner or: how I planned to kill Tony Blair (O Prisioneiro ou como planejei assassinar Tony Blair, numa tradução literal), de Michael Tucker e Petra Epperlein.

Este documentário conta a história de um iraquiano detido, acusado de terrorismo, preso e depois libertado pelo exército americano.

Durante uma filmagem com soldados americanos, em setembro de 2003, Michael Tucker presenciou a detenção de Yunis Abbas, um homem que dizia ser jornalista e não terrorista. Quase dois anos depois, o cineasta voltou a encontrar Yunis, a quem dedica seu filme.

"'Você é um terrorista, planejava matar Tony Blair', me disse um encarregado do exército no momento da minha detenção", conta Yunis, que afirma ter sido torturado em uma prisão americana no Iraque.

"Depois de nove meses de prisão, me disseram: 'Lamentamos'", declarou, ironizando sua "história de amor" com o primeiro-ministro britânico: "Tony e eu somos como personagens de uma história de amor, como Romeu e Julieta.

nossos nomes agora são inseparáveis". Nenhuma autoridade consultada corrobora os fatos denunciados no filme, mas um homem que diz ser soldado americano se apresentou em Toronto declarando ter custodiado Yunis quando ocupava o cargo de carcereiro em Bagdá.

AFP
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