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Toronto 2006

Quarta, 13 de setembro de 2006, 13h28  Atualizada às 15h22 Festival de Cinema de Toronto destaca grandes atuações

Penelope Cruz recebe o espírito da atriz italiana Anna Magnani e Forest Whitaker busca a alma labiríntica do ditador Idi Amin. Enquanto isso, Peter O'Toole faz o papel de Peter O'Toole num filme sobre um ator envelhecido, mulherengo e afeito à bebida.

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Atuações de qualidade vêm chamando a atenção no Festival Internacional de Cinema de Toronto, preparando o terreno para as campanhas para o Oscar.

O festival chega ao fim no sábado, e todas as conversas têm girado em torno das performances espetaculares de um punhado de atores - alguns deles famosos, outros profissionais respeitados que estão revigorando suas carreiras.

Entre os nomes mais mencionados estão o de Penelope Cruz em Volver, de Brad Pitt e Cate Blanchett em Babel, de Peter O'Toole em Venus, Julie Christie e Gordon Pinsent em Away from Her, Kate Winslet e Jackie Earle Haley em Little Children, Forrest Whitaker em Last King of Scotland e Sean Penn em A Grande Ilusão (All the King's Men).

"Volver simplesmente explodiu em Toronto", disse o especialista em Oscar Tom O'Neil, colunista online da The Envelope.com. "Os críticos enlouqueceram com o filme e com Cruz. De repente, ela está ganhando respeito como atriz séria".

"Um crítico me disse que ele já a viu fazendo filmes ruins em francês, espanhol e inglês, e que agora ela está compensando isso", acrescentou O'Neil, observando que o filme de Pedro Almodóvar, falado em espanhol, pode conseguir uma indicação ao Oscar de melhor filme e também uma indicação para Penelope Cruz.

A atriz descreveu Volver como a melhor experiência que já teve no cinema e disse que não conseguia abrir mão do traseiro falso que Almodóvar a fez usar para que ela se parecesse com a heroína de um filme italiano dos anos 1950.

WHITAKER ELOGIADO
Já Whitaker, que voltou a atuar dois anos atrás, depois de cinco anos distante das telas, também vem sendo um dos grandes assuntos em Toronto.

Sua performance vem recebendo elogios semelhantes aos que foram dados em Toronto no ano passado a Philip Seymour Hoffman por Capote, pelo qual acabou recebendo um Oscar.

Whitaker disse que procurou a alma de Idi Amin. Ele pesquisou extensamente o ditador africano, conversou com muitas pessoas que o conheceram, estudou documentários e filmes de televisão e trabalhou com um treinador de voz.

Peter O'Toole, que tem 74 anos e está empatado com Richard Burton como o ator que já foi mais vezes indicado ao Oscar sem nunca ter recebido o prêmio - sete vezes -, está sendo visto como indicação certa mais uma vez pelo papel de um ator inglês envelhecido que se apaixona pela sobrinha-neta de um amigo.

Quando ele cancelou sua ida planejada a Toronto, muitos temeram por sua saúde. Mas um representante dele disse que a razão foi um problema pequeno.

O veterano crítico de cinema nova-iorquino Rex Reed disse que daria indicações ao Oscar a todo o elenco de Babel, tanto os atores profissionais quanto os amadores. Mas, como não pode fazê-lo, ele optaria por indicar Blanchett e Pitt ao Oscar de atriz e ator coadjuvantes. "Fiquei arrasado com esse filme", disse Reed.

Outros críticos se renderam diante do novo trabalho de Todd Field, Little Children, em que Kate Winslet é uma dona-de-casa suburbana que tem um caso extraconjugal. Jackie Earle Haley, antigo ator mirim, faz um homem que se exibe sexualmente para crianças. Julie Christie, de 65 anos, atriz legendária que aparece em poucos filmes hoje em dia, representa uma mulher destruída pelo mal de Alzheimer, enquanto Gordon Pinsent é seu marido apaixonado.

Muitos críticos saudaram o retrato que Sean Penn faz de um político sulista demagogo em A Grande Ilusão, mas o filme em si dividiu a crítica. Homem fisicamente pequeno, Sean Penn ganha estatura no papel de um personagem inspirado no falecido governador da Louisiana Huey Long. Como todos os bons atores, ele se transforma.