Toronto 2006

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Quinta, 14 de setembro de 2006, 10h03 

Filme sobre amor gay israelo-palestino afasta público

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As coisas não estão nada fáceis para os cineastas israelenses Eytan Fox e Gal Uchovsky, cujo filme, The Bubble (A Bolha), fez sua estréia internacional esta semana no Festival de Cinema de Toronto.

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A história de amor homossexual entre um israelense e um palestino afastou o público conservador em Israel e em outros países. Além disso, europeus de tendência esquerdista estão furiosos com os ataques de Israel contra o Líbano e não têm o menor interesse em assistir a filmes israelenses.

O longa, que tem uma forte mensagem pacifista, estreou em Israel poucas semanas antes do início da guerra contra o Hizbollah. Quando os combates começaram, em julho, a maioria dos cinemas fechou.

"Não é um filme fácil de se fazer. As pessoas em Israel não dizem: 'Que lindo, adoramos'," disse Uchovsky, autor do roteiro e produtor da obra, que foi dirigida por Fox. "E aí você vai para o mundo e o mundo também o odeia. É duro".

Passado na "bolha" de Tel Aviv ¿ uma cidade que parece isolada do resto do país ¿, o filme representa metade da presença israelense no festival de Toronto, já que há apenas duas obras de Israel.

O filme é bem mais político que o trabalho anterior de Fox, No Limite (Walk on Water), uma comédia tragicômica sobre as complexas relações entre israelenses, alemães e palestinos, que se tornou o filme israelense que mais faturou.

O novo filme enxerga a "atormentada região" do Oriente Médio, nas palavras do diretor, pelos olhos de Noam, que mora em Tel Aviv, e de Ashraf, da Cisjordânia palestina, numa história de amor constantemente permeada pela política.

Mas Fox disse à Reuters que as questões enfocadas, como o amor gay, os militantes suicidas e os mal-entendidos culturais, são coerentes com aquelas que ele e Uchovsky vêm tratando em sua carreira de cineastas.

"Estamos tratando de assuntos explosivos e assuntos que não são muito fáceis de engolir em todos os nossos filmes", disse ele, admitindo sonhar que um dia o longa possa ser exibido em países árabes. "Os filmes atingiram as pessoas e criaram compreensão entre elas".

Mas, por enquanto, o grande desafio é encontrar festivais dispostos a exibir qualquer tipo de filme israelense, em meio a um forte sentimento pró-palestino, especialmente na Europa, e ao desagrado que a campanha contra o Hizbollah no Líbano causou.

"Durante a guerra e depois dela, festivais de cinema cancelaram a exibição de filmes israelenses por causa do sentimento negativo contra Israel. Consigo entender algumas dessas emoções e me identifico com algumas", disse Fox.

"Acho que eles cometeram um erro, porque é nossa obrigação fazer filmes. É nossa obrigação usar o filme como um meio de diálogo, mesmo nos piores momento, quando as pessoas estão cometendo erros terríveis", acrescentou.

O filme tinha o título preliminar de Romeo and Julio. Mas a Fox trocou o nome para The Bubble "Soava meio antiquado, e não queríamos nos limitar apenas à história de amor", disse o diretor.

Reuters
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