Orlando Margarido
Direto de São Paulo
Bastaria os olhares e os diálogos cúmplices para o espectador mais atirado suspeitar que existe algo além da amizade entre os personagens de Ed Harris e Viggo Mortensen no filme dirigido pelo primeiro, Appaloosa - Uma Cidade sem Lei. Mas ainda há o final, quando o assistente Everett (Mortensen) se sacrifica em prol da felicidade do velho amigo xerife Virgil Cole (Harris).
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Tudo corroboraria da suspeita, portanto, não fosse o real mais impositivo que o imaginário. Afinal, estamos no Oeste de "o" maiúsculo americano dos anos de 1800, suposta terra de machos que configurou um gênero a parte no cinema e, entre os dois, existe uma mulher (Renée Zellweger).
A inicialmente meiga Allison não chega a criar um conflito amoroso em forma de triângulo - como em Jules e Jim, referência no tema de François Truffaut - mas bem que se esforça na conquista do xerife ao mesmo tempo em que lança um rabicho de olho para seu parceiro. O modo bem-humorado, por vezes cínico, com que o Harris diretor conduz sua história é o elemento diferenciado no cenário do faroeste que já aceitou de tudo, da maestria de John Ford às sátiras de sessão da tarde.
Harris não é Clint Eastwood, que atualizou o western nos anos 90 com Os Imperdoáveis, mas contribui com seu quinhão para manter a tradição intacta. E esta se dá na conhecida trama do bando dos fora-da-lei e seu domínio de um vilarejo até a chegada da autoridade que vem pôr ordem na casa.
Líder dos primeiros, Randall Bragg (Jeremy Irons, um pouco afetado no papel) mata o xerife local e acaba por atrair um substituto à altura de sua valentia. Além de impor regras nem sempre razoáveis, o novo xerife Cole e seu colega se lança na tentativa de enforcar o inimigo pelo assassinato, mote para reviravoltas que o espectador, agora sem dubiedades, já está acostumado a acompanhar nos faroestes.
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