Orlando Margarido
Direto de São Paulo
Exibido no Festival de Cannes deste ano, Che rendeu ao ator porto-riquenho Benício Del Toro o prêmio de melhor ator pela interpretação do personagem central. Mas o filme - ou dois filmes, como preferem os envolvidos na produção - de quatro horas e vinte de duração dividido em duas partes foi recebido com restrições. Entre elas estava o fato da fita começar por um momento de vitória da revolução cubana e acabar num tom melancólico de derrota, e como se sabe, na morte do herói guerrilheiro.
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O Terra perguntou a Del Toro e a Rodrigo Santoro, ambos de passagem pela cidade nesta tarde de quinta-feira para divulgar o filme, se no formato escolhido a história não seria uma espécie de crônica da derrota. "Acho que é um ponto de vista, mas o ideal de Che se mantém e está aí para provar que sua luta não foi derrotada", disse Santoro. "Tem uma frase de Che que eu gosto muito e está no filme que diz respeito às idéias permanecerem mesmo depois de sua morte".
"Não vejo o filme nem a vida de Che como um declínio", apontou Del Toro. "Para mim a vida dele teve altos e baixos, seja numa luta no Congo, seja na Bolívia e isso o filme mostra muito bem; seus valores vão além de uma interpretação simplista de que um dia é herói e em outro fracassado".
Assim como Santoro, Del Toro também precisou mergulhar na pesquisa e na leitura para saber mais do Che que representaria. "O Che era uma imagem cubana distante para mim; em Porto Rico, não sabíamos muito sobre ele e eu fui descobrir a fascinação que causava anos depois; mesmo assim o que eu sabia quando entrei no projeto do filme ainda era insuficiente e precisei ler muitas biografias", diz o ator.
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