Festival de Brasília 2008

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Festival de Brasília 2008

Quarta, 26 de novembro de 2008, 10h35 Atualizada às 10h47

Brasília: festival se marcou por falta de vitalidade

Orlando Margarido
Direto de Brasília

Quando a cerimônia de premiação do 41º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro terminou na noite de ontem, a sensação de que duas tendências contrastantes conviveram nesta edição foi reafirmada pela entrega dos prêmios. Muito dessa percepção vem do fato da mostra competitiva ser tomada eminentemente por documentários, em seu formato e entendimento mais convencional, mas também nas fronteiras do gênero que cada vez mais se alarga.

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Nesse último caso, e não à toa o grande vencedor da edição, se encaixa comodamente FilmeFobia, uma obra de difícil caracterização de Kiko Goifman que deixou alguma perplexidade saudável no público e na crítica presente no festival. Na direção diversa, estruturando-se num formato de mensagem de seus diretores, portanto menos instigante em termos de linguagem, O Milagre de Santa Luzia, Ñande Guarani (Nós Guarani) e À Margem do Lixo saíram com seu quinhão de Candangos, seja em categorias principais seja em secundárias.

Numa terceira via de exceção, estaria a linguagem de ficção, a princípio representado por um único título, Siri-Ará, um filme "figural", no dizer do diretor Rosemberg Cariry, porque baseado na alegoria e nos mitos de seu Ceará natal. O filme seria a rigor o único trabalho ficcional, não fosse o veterano documentarista Geraldo Sarno costurar os gêneros diversos em seu Tudo Isso Me Parece um Sonho, incluindo um toque de encenação dramática.

Sarno deixou um rastro de suspeita sobre sua ambiciosa proposta, na qual se alinham documentário, ficção e making of - o fazer do filme para ele é mais importante que o próprio filme - que começou na mesa de debate do Hotel Nacional e terminou ontem à noite no Cine Brasília ao não comparecer para receber seus Candangos de melhor direção e roteiro. Prêmios que são mais que uma ironia, talvez equívocos mesmo, na medida em que o próprio cineasta reduziu à quase inexistência esses dois quesitos.

Mas não é a incongruência do júri - FilmeFobia, por exemplo, valoriza e discute seu roteiro em cena - que deve permanecer como testemunho da discussão de uma semana inteira no festival. Ao se levantar questões como a necessidade de se reconhecer novos caminhos da linguagem cinematográfica em direção a uma expressão ainda não definida, os encontros também apontaram a urgente remodelação do próprio modelo de Brasília, que ainda distingue na seleção o formato 35 milímetros do digital para a mostra competitiva e exige o ineditismo dos concorrentes.

Muito se falou nos bastidores da seleção fraca e sem vitalidade, em grande parte devido ao esgotamento da safra de filmes de 2008, que se esvaiu no disputado calendário de mostras e festivais no decorrer do ano. É provável que esse quadro se agrave ainda mais nos próximos anos, obrigando Brasília a uma mudança de rota e de formato para, assim como as tendências cinematográficas, encontrar sua nova definição.

Especial para Terra

Divulgação
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Filmefobia foi o grande vencedor de Brasília

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