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Festival de Brasília 2005
Domingo, 27 de novembro de 2005, 12h48  Atualizada às 13h03
Filme de Ruy Guerra divide opiniões em Brasília
 
Divulgação
Cena do filme  O Veneno da Madrugada
Cena do filme O Veneno da Madrugada
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Ruy Guerra fez jus à expectativa com que foi aguardado seu novo filme, O Veneno da Madrugada. Tem impacto o mais badalado competidor do Festival de Brasília este ano, atração na sessão de gala, na noite de sábado, com direito ao programa completo: sala lotada, gente sentada em todos os corredores, muitos aplausos e algumas vaias no final.

Especial Festival de Brasília 2005

O próprio Ruy comportou-se à altura do que se esperava deste que é, aos 74 anos, um dos mais nobres veteranos do cinema brasileiro. Subiu ao palco do Cine Brasília lembrando os diretores que haviam passado por ali, como Glauber Rocha, Leon Hirzsman e Roberto Santos, que, segundo ele, "com muita vontade e talento foram capazes de reproduzir parcelas importantes da realidade brasileira".

Para Ruy, "eles conquistaram um espaço de liberdade que temos obrigação de preservar, porque não se submeteram a fórmulas importadas nem tiranias do público que espera entretenimento fácil". E arrematou: "Como remanescente dessa geração, espero que os novos cineastas continuem seguindo estas trilhas que buscam a cara do povo e da nossa realidade."

Toda essa profissão de fé foi anunciada antes da sessão do filme. Depois dele, a controvérsia das palmas, que predominaram, mas ainda assim houve apupos. Comportamento normal na platéia jovem e aguerrida de Brasília.

O próprio Ruy não procurou, certamente, a unanimidade. Realizou um filme em que é visível o controle da direção nos mínimos detalhes e que obtém o melhor resultado na tela de uma adaptação de Gabriel García Márquez. Aqui, ele adapta A Má Hora. Antes, havia filmado do autor, que é seu amigo pessoal, Erêndira (1983), A Bela Palomera (1988) e a série para a TV cubana Me Alquilo para Somar.

Mais do que realismo mágico, o clima da história é de tenso absurdo. Acompanha-se 24 horas na vida de uma pequena cidade, onde não pára de chover e os conflitos entre as famílias mais poderosas e o alcaide (Leonardo Medeiros) estão em ponto de explosão. O alcaide trama uma vingança contra os últimos remanescentes da família Assis, a viúva (Juliana Carneiro da Cunha) e seu filho Roberto (Emílio de Mello).

O clima de guerra é alimentado, ainda, pelas misteriosas cartas reveladoras de segredos inconvenientes que são pregadas, todas as noites, nas portas das casas.

A qualidade técnica da produção é um capítulo à parte, começar pela edição de som de José Moreau Louzeiro, Cláudio Valderato e Simone Petrillo, bem como a fotografia de Walter Carvalho, a direção de arte (Marcos Flaksman) e montagem (Mair Tavares).

CURTAS À ALTURA
Numa noite que era toda de Ruy Guerra, os dois curtas que o antecederam não fizeram feio. O Meio do Mundo, do paraibano Marcus Villar, conta quase sem palavras, mas com total domínio da linguagem, a história de um menino levado pelo pai para sua iniciação sexual.

Mais experimental, Rapsódia de um Homem Comum, do pernambucano Camilo Cavalcante explorou, em 25 minutos, várias texturas, acreditando igualmente mais nas imagens e na música do que nos diálogos.

O enredo segue o drama de um homem em crise existencial que abandona emprego e família e comete um crime.
 

Reuters

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