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Festival de Brasília 2005
Terça, 29 de novembro de 2005, 13h09 
Festival de Brasília chega ao final sem favoritos
 
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O 38º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro prepara-se para entregar suas premiações nesta noite de terça-feira (29), após exibir na segunda o último filme concorrente, o baiano Eu Me Lembro, de Edgard Navarro.

A cerimônia da premiação será às 20h, depois da exibição, fora de concurso, do documentário O Profeta das Águas, de Leopoldo Nunes, no Teatro Nacional Cláudio Santoro.

O festival termina sem favoritos ao prêmio principal, ainda que o de melhor atriz pareça difícil de arrancar das mãos de Dira Paes, a protagonista do sucesso Dois Filhos de Francisco, que no evento interpreta uma prostituta em Incuráveis, de Gustavo Acioli.

A falta de um candidato claramente vencedor vem da qualidade de todos os seis concorrentes deste ano, representando os Estados do Rio de Janeiro (com três concorrentes), São Paulo, Distrito Federal e Bahia. Assim, anuncia-se uma disputa apertada pelos muitos troféus aqui concedidos, com somas que chegam a R$ 80 mil para o melhor filme.

Nem mesmo o prêmio do público se pode antecipar, já que este ano a calorosa platéia do Cine Brasília aplaudiu todos os concorrentes com paixão semelhante, embora algumas vaias fossem reservadas a Veneno da Madrugada.

De modo geral, se pode dizer que a platéia brasiliense, com maioria jovem, foi muito mais rigorosa com os curtas, vaiando impiedosamente inclusive concorrentes locais, como À Espera da Morte, de André Luís da Cunha, e A Lente e a Janela, de Marcius Barbieri.

O equilíbrio que se vê nas bolsas de apostas de vencedores, registradas pelos principais jornais da capital federal, vem de que não fizeram feio estreantes como o carioca Gustavo Acioli em Incuráveis e o baiano Eu Me Lembro, de Edgard Navarro, mesmo diante de veteranos como o moçambicano radicado no Brasil Ruy Guerra.

Aos 74 anos, aliás, Guerra realizou um de seus melhores filmes em O Veneno da Madrugada, seu quarto filme a partir de uma obra de Gabriel García Márquez (no caso, A Má Hora).

TEMAS DO ANO

Navarro realiza em Eu Me Lembro uma das tendências deste festival, a procura de compor um retrato de geração. Isto se observa também no polêmico A Concepção, do brasiliense José Eduardo Belmonte.

A diferença é de épocas e estilos. No filme baiano, contado com lentidão e sem flashbacks, trata-se da geração que nasceu nos anos 1950, viveu a efervescência política e comportamental dos anos 1960, sofreu a ditadura pelos anos 1970 e 1980 e enveredou por dois caminhos: entrou na luta armada ou caiu no "desbunde", a viagem individualista no sexo e nas drogas. Uma história que é contada com muito humor e uma cuidadosa pesquisa musical.

No caso do filme brasiliense A Concepção, a geração é a que vem logo depois da de Navarro, que nasceu no final ou depois da ditadura, cresceu sob a democracia, mas vive também a sua experiência com sexo e drogas sem limites, rejeitando a política e a família tradicionais.

Ao lado do carioca Depois Daquele Baile, de Roberto Bontempo, Eu Me Lembro é um dos filmes de Brasília onde se vê uma preocupação com o passado e a busca de um resgate das relações amorosas entre as pessoas.

Por outro lado, a brutalidade da vida cotidiana no Brasil tem seu enfoque mais pungente no único documentário da seleção, À Margem do Concreto, de Evaldo Mocarzel, que aborda a luta dos sem-teto de São Paulo e registra impressionantes confrontos com a polícia e uma notável organização das entidades que os representam.

CURTAS

Entre os curtas, destaque para De Glauber para Jirges, de André Ristum, um documento poético que revela as cartas de Glauber Rocha para o pai do cineasta, numa linguagem inventiva.

Dois outros destacam-se mais por seus personagens: Rap, O Canto da Ceilândia, de Adirley Queiroz (DF), e O Som da Luz do Trovão, de Petrônio Lorena e Tiago Scorza (PB/RJ), mostrando que a força dos documentários também está presente neste formato.

Os melhores curtas ficcionais vêm do cinema nordestino: Rapsódia de um Homem Comum, do pernambucano Camilo Cavalcante, sofisticado em história e linguagem; o conciso O Meio do Mundo, do paraibano Marcus Villar; e Vermelho Rubro do Céu da Boca, da baiana Sofia Federico, que cria uma atmosfera poética para uma inusitada história de amor, com um elenco onde se destacam Flávia Marco Antônio (a moça do circo de Abril Despedaçado) e o veteraníssimo Paulo César Pereio.
 

Reuters

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