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Festival do Rio 2004
Quarta, 29 de setembro de 2004, 13h00 
Neurose e surpresas na estréia de "Subterrâneos"
 
Douglas Damasceno/Especial para o Terra
 
Rogério Domingues/Especial para Terra
Foi esse filme que me trouxe ao Brasil, contou Nicola Siri
"Foi esse filme que me trouxe ao Brasil", contou Nicola Siri
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"Eu quase não consigo ficar na cidade sem viver contrariado" diz a letra de Gilberto Gil na bonita canção Lamento Sertanejo. Pois segundo o filme Subterrâneos, estreando no Festival do Rio, viver na cidade deixa uma pessoa muito mais do que apenas contrariada. Em seu longa de estréia, o diretor José Eduardo Belmonte mergulha na loucura, neurose, terror e caos de um imenso conjunto habitacional e comercial de Brasília: o Conic.

Veja fotos da estréia de Subterrâneos

"Brasília é uma cidade estranha. A estrutura dela é muito diferente e o Conic é o único lugar que a aproxima de uma cidade comum, algo que une as pessoas", explicou o diretor. Nas vielas desse centro populacional, quatro personagens vagam com objetivos distintos. Um escritor procura inspiração, uma mulher angustiada quer soluções para suas dúvidas, um funcionário do sindicato defende seus valores e um cineasta italiano tenta filmar um documentário.

Subterrâneos tem um sabor especial para o ator italiano Nicola Siri. "Foi esse filme que me trouxe ao Brasil. A minha amiga Cibele Amaral me propôs fazer essa loucura, que era saltar dentro dessa realidade que é o Conic".

A passagem pelo Rio de Janeiro também rendeu uma surpresa muito agradável ao elenco e produção. O veterano diretor Nelson Pereira dos Santos (autor de Terceira Margem do Rio e Vidas Secas) visitou o Odeon para conferir o trabalho dos seus pupilos. O consagrado cineasta foi professor de muitos dos participantes do filme. "Nelson, eu quero muito fazer um filme seu", declarou Nicola.

"O Nelson e o Fernando Duarte fundaram o cinema brasiliense. Foi ótimo contar com a presença dele e saber que ele gostou", vibrou Belmonte.

"É uma felicidade para nós podermos mostrar que Brasília vai além do Congresso e dos Ministérios. É uma cidade que tem uma vida própria, complexa e problemática. É uma cidade como outra qualquer", comentou o ator Murilo Grossi, um dos protagonistas do claustrofóbico Subterrâneos.
 

Redação Terra
 
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