Rogério Domingues/Especial para Terra "Ganhar no Rio de Janeiro é uma felicidade imensa", vibrou a bela Silvia Lourenço, vencedora do prêmio de Melhor Atriz por sua atuação em Contra Todos

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"O gosto dessa vitória é mais saboroso ainda, porque eu sou paulistana e esse é um filme sobre a minha cidade. Ganhar no Rio de Janeiro é uma felicidade imensa", vibrou a bela Silvia Lourenço, vencedora do prêmio de Melhor Atriz. "Estou muito contente porque já faço teatro há dez anos e Contra Todos é o meu primeiro longa. Batalho há muito tempo como atriz e esse reconhecimento é muito bem-vindo. Estou em início de carreira e é um orgulho enorme receber esse prêmio no Rio".

Se o filme de São Paulo conquistou o troféu máximo, dois cariocas receberam três prêmios cada. Quase Dois Irmãos foi campeão nas categorias Melhor Filme Latino-Americano (segundo o Júri da Federação Internacional de Imprensa), Melhor Ator (Flávio Bauraqui) e Melhor Diretora (Lúcia Murat). O curta O Jaqueirão do Zeca, de Denise Moraes e Ricardo Bravo, não deu chance para mais ninguém e foi o melhor segundo todos os júris (oficial, popular e Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas do Rio de Janeiro). Entre os longas de ficção, o equilíbrio e a boa qualidade dos principais ganhadores agradou gregos e troianos, quer dizer, cariocas e paulistas.

"Eu adoro Quase Dois Irmãos. Eu acho que ele merece o prêmio máximo, que é ser visto por um grande número de brasileiros", destacou Caco Ciocler, um dos protagonistas do filme de Lúcia Murat. O outro dos "dois irmãos" foi ovacionado pelo público. Flávio Bauraqui chegou bem depois de ter sido anunciado vencedor, mas teve tempo de subir ao palco e dedicar metade do seu prêmio ao amigo Caco. "E eu entrego a minha parte do prêmio ao Flávio", retribuiu o parceiro.

"Cheguei aqui atrasado porque eu estava no teatro, mas consegui receber o troféu", explicou o eufórico Flávio, que não esqueceu de vários outros colegas que não tiveram a sua oportunidade. "O melhor prêmio, além desse, é estar com saúde e atuando em teatro e cinema. Digo isso porque há muitos atores que não trabalham e não têm chance de entrar nesse mercado tão pequeno. Torço para que todos possam fazer parte dessa festa no futuro".

O Júri Oficial ainda elegeu Estamira como o Melhor Documentário, e dividiu o prêmio de curta-metragem entre dois filmes: Quero Ser Jack White e O Jaqueirão do Zeca. Outro critério de avaliação do Festival do Rio foi a opinião das platéias que compareceram em massa às sessões.

Segundo a votação dos espectadores, o doce Vida de Menina foi o favorito. Ludmila Dayer, protagonista da trama, comemorou muito a vitória e puxou a sardinha para a sua brasa. "Eu acho que esse é o prêmio mais importante do festival. Como todo mundo fala, a voz do povo é a voz de Deus. Isso mostra que o filme foi bem aceito pelo público e é para o público que nós trabalhamos".

Sendo assim, a "voz de Deus" ainda se pronunciou a favor do praiano Fábio Fabuloso (na categoria de documentários) e de Nada a Declarar (competindo entre os curta-metragens). Seja em qualquer uma das categorias ou júris, os vitoriosos foram aclamados por José Wilker. "Quando as pessoas recebem prêmios, elas se sentem desafiadas. Isso garante que eles voltem melhores no próximo ano".

O ator, que é uma autoridade no cinema, indicou as ambições do Festival do Rio sem falsa humildade. "A nossa idéia é transformar o Festival do Rio no festival mais importante da América Latina. Eu acredito que possamos chegar bem perto disso já no ano que vem. O resultado de 2004 já foi extraordinário por dois motivos: a qualidade dos filmes e a adesão do público carioca". Que assim seja.