Rogério Domingues/Especial para Terra |
Daniel Burman durante bate-papo com jornalistas no Festival de Cinema do Rio de Janeiro |
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Houve um tempo em que Argentina e Brasil só ganhavam destaque em jornais estrangeiros em época de Copa do Mundo. Pois as produções cinematográficas de ambos os países vêm abrindo espaços consideráveis.
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O reconhecimento vem através de salas lotadas e premiações na Europa e Estados Unidos. Central do Brasil, Nove Rainhas, Cidade de Deus e O Filho da Noiva são alguns exemplos de carreiras bem-sucedidas de filmes sul-americanos. Agora, O Abraço Partido chega ao Rio com dois respeitáveis Ursos de Prata no currículo (Melhor Filme e Melhor Ator, para Daniel Hendler). A história simpática, o humor urbano e os personagens "gente-como-a-gente" garantem a sintonia com o filme. Em uma sessão especial, antecipando a própria estréia no Festival, o jovem diretor Daniel Burman deu o ar da graça e participou de um debate com o público de convidados. Após esse bate-papo com a platéia, concedeu uma entrevista exclusiva ao Terra.
Pergunta - O Abraço Partido é um dos candidatos a uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Qual a importância que você vê em um Oscar?
Resposta - É importante. Um Oscar seria ótimo, mas não sou tão ambicioso. Acho que uma indicação seria um passo extraordinário para mim, para a Argentina e para o cinema latino. Esse filme é independente, não contou com o suporte de grandes companhias. A produtora que o realizou é minha e do Diego (Dubcovsky) e isso prova a todos que é possível filmar sem estar associado a uma grande rede para alcançar uma repercussão o exterior.
P- E como anda a carreira de O Abraço Partido no mercado internacional?
R- Ele já estreou na Espanha, Itália e França com críticas muito favoráveis e bons públicos. Na Espanha, foi visto por mais de 100 mil pessoas, na França também e na Itália 70 mil pessoas. O filme ainda vai estrear na Suíça, Holanda, Japão, Estados Unidos e México. Parece que vai passar por mais de 40 países. É uma trajetória muito boa.
P- A história mostra uma galeria comercial repleta de pessoas de diversas nacionalidades. Isso é reflexo de uma Argentina globalizada?
R- Mais do que globalizada, a Argentina está composta por gente que vem de lugares diferentes. Isso gera a construção de uma identidade não através de um mesmo idioma, mas de um lugar onde somos iguais.
P- Você é um diretor jovem e O Abraço Partido tem toques do humor de Woody Allen. Isso foi proposital?
Resposta - Essa é uma influência que tenho e gosto muito. Não faço intencionalmente algo como Woody Allen, mas ele é um cineasta que gosto. Fico honrado com a comparação, pois ele é uma referência.
P- Seu trabalho é mais uma indicação de como o cinema argentino está produtivo nos últimos anos. Nove Rainhas, O Filho da Noiva e Plata Quemada já ganharam destaque no Brasil e no mundo. Com você analisa esse cenário?
R- É um momento extraordinário para o cinema argentino, sobretudo por causa do apoio do governo aos cineastas de forma constante ao longo dos anos. Isso permite que se faça cinema argentino que se reflita pelo mundo.
P- Filmes argentinos passam muito nas salas brasileiras. Como o cinema brasileiro é visto por lá?
R- Há uma presença excepcional, mas ainda não há uma ponte cinematográfica como todos nós gostaríamos.
P- Quais são as expectativas da chegada de O Abraço Partido
R- As melhores, porque temos um distribuidor que apoiou o filme. Também fico contente porque passando em um país tão grande se ganha outro vulto. Não poderia ser de outra maneira, pois isso gera a expectativa de uma continuidade de comercialização no Brasil.
P- Quais os seus próximos projetos?
R- O próximo trabalho se chamará Derecho de Família. É uma comédia centrada em uma família de advogados e tem as reflexões de O Abraço Partido, mas em um estado mais maduro, que é a formação da identidade dos filhos. Trata-se de um momento em que os pais ficam contras os filhos.
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