'Pra Inglês Ver': universo da favela é atração turística
O documentário Pra Inglês Ver, de Vitor Granado e Robson Dias, abriu a mostra competitiva de curtas nesta terça-feira (11), em Gramado, em sessão com entrada franca. Com 25 minutos de duração, o filme foi inteiro rodado com uma handycam (dessas que se encontram facilmente por preços acessíveis em grandes lojas) e mostra como são feitas as excursões de turismo nas favelas, um "serviço" muito procurado por estrangeiros em passagem pelo Rio de Janeiro.
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Com declarações de moradores do morro, fica claro neste filme que a intenção dos diretores era mostrar que o turismo nas favelas é um modo de explorar a miséria nos países de terceiro mundo. Funcionaria como uma espécie de "aventura" perigosa, como se ali existisse uma civilização primitiva. Um ponto de vista interessante, que poderia ser menos escancarado.
Ao chegar nas favelas, os visitantes são assessorados por guias que mostram detalhes da vida ali dentro. Enquanto uns tentam omitir alguns fatos, mascarando a brutal realidade desses moradores - como a óbvia violência e as ligações ilegais de energia e água -, outros escancaram e contam, sem papas na língua, o que supostamente acontece lá dentro. Claro, cada um com suas reais intenções.
Por conta do uso da handycam, alguns enquadramentos no filme - todos feitos com a câmera na mão - são um tanto amadores, mas nada que chega a irritar. Apesar da temática - que se fosse bem explorada renderia um belo longa-metragem - fica a sensação de que falta um pouco mais de base para o roteiro: talvez um entrevistado que desse maior detalhes sobre essa prática ou mesmo declarações com "mais molho" dos próprios gringos que participaram das filmagens.
